O Presidente do regime de transição do Burkina Faso, Michel Kafando, mantido como refém desde quarta-feira pelos militares que tomaram o poder no país, foi libertado na quinta-feira à noite, anunciaram hoje os golpistas.

“Em sinal de apaziguamento e pelo interesse geral, o conselho nacional para a democracia decidiu pela libertação de ministros e pela libertação de Michel Kafando”, indicaram os golpistas num comunicado.

Somente o primeiro-ministro, Isaac Zida, não foi libertado e permanece “em prisão domiciliária”, disse aos jornalistas o novo líder do Burkina Faso, o general Gilbert Diendéré, que se assumiu como chefe do golpe de Estado.

Gilbert Diendéré justificou, na quinta-feira, a ação devido a “uma grave situação de insegurança pré-eleitoral, numa entrevista ao semanário Jeune Afrique.

O antigo chefe do Estado-maior do ex-Presidente Blaise Compaoré, deposto há um ano depois de 27 anos no poder, também afirmou que “medidas de exclusão (foram) tomadas pelas autoridades da transição” e que “foi por isso que os seus homens passaram à ação”.

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“As eleições serão realizadas”, prometeu o líder golpista.

“Nós desejamos discutir com todos os atores políticos para reiniciar em bons fundamentos. As eleições acontecerão, mas nós devemos primeiro concertar-nos”, explicou.

Diendéré afirmou que não fazem uma frente comum com o Congresso para o Progresso e a Democracia (CDP), o partido de Blaise Compaoré, excluído das eleições pelas autoridades da transição.

Os dois candidatos favoritos na eleição presidencial de 11 de outubro no Burkina Faso, Zephirin Diabré et Roch Marc Christian Kaboré, condenaram o golpe de Estado no país.

Os candidatos convocaram os seus aliados para defenderem a democracia, exigem a libertação dos membros do Governo de transição, não aceitam qualquer perturbação no calendário eleitoral e reiteram o apoio ao Governo que foi destituído, exigindo o regresso da ordem constitucional.

Dois chefes de Estado africanos são esperados hoje em Ouagadougou para se encontrarem com Gilbert Diendéré, o Presidente senegalês, Macky Sall, líder em exercício da Comunidade Económica dos Estados da África Ocidental (CEDEAO), e o seu homólogo do Benim, Thomas Boni Yayi.