Quase uma centena de autarquias já se disponibilizou para receber refugiados, mas afirmam esperar indicações do Governo e do Conselho Português para os Refugiados (CPR), enquanto grupos de cidadãos e instituições civis se desdobram em iniciativas.

O Conselho Metropolitano de Lisboa, por exemplo, questionou o Governo sobre o que se espera da Área Metropolitana no processo de acolhimento e integração de refugiados.

A norte, muitas autarquias e entidades do terceiro setor contactadas pela Lusa afirmam esperar serem contactadas pelos responsáveis para traduzirem em atos as promessas de colaboração que já divulgaram.

A Câmara de Paredes ofereceu-se para angariar, nas empresas do concelho, mobiliário para os alojamentos de refugiados.

A Confederação Nacional das Instituições de Solidariedade espera recolher até ao final do mês a disponibilidade de todas as Instituições Particulares de Solidariedade Social (IPSS).

Para integrar e coordenar as respostas públicas da sociedade civil, o Grupo de Trabalho dos Refugiados está a realizar reuniões com a Associação Nacional de Municípios Portugueses (ANMP) e a Plataforma de Apoio aos Refugiados (PAR), que inclui várias organizações civis e religiosas, entre as quais a Comunidade Islâmica de Lisboa.

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A Cáritas vai canalizar para os refugiados parte da verba da campanha de Natal e a União das Misericórdias Portuguesas (UMP) fez saber que estas instituições estão em condições de acolher “grande parte” dos refugiados que cheguem a Portugal.

A Santa Casa da Misericórdia de Lisboa vai ajudar na coordenação da resposta na capital, a do Porto também anunciou estar disponível, a de Bragança tem capacidade para acolher “entre 10 a 12” refugiados e a de Évora pode receber “algumas dezenas”.

A delegação de Vila Viçosa da Cruz Vermelha Portuguesa (Évora) está disponível para acolher oito refugiados na sua casa abrigo.

A Conferência Episcopal Portuguesa disse estar disponível para colaborar numa resposta integrada, o Santuário de Fátima está disponível para receber refugiados e a Comunidade Islâmica em Portugal vai receber 250 refugiados num terreno em Palmela.

A Diocese de Portalegre e Castelo Branco enviou uma nota a todas as paróquias a solicitar o seu empenho para a disponibilização de casas paroquiais disponíveis e a Diocese de Bragança-Miranda tem alojamento para duas ou mais famílias de refugiados.

Uma iniciativa que surgiu nas redes sociais, a Caravana Aylan Kurdi, parte hoje em direção à fronteira da Croácia com a Sérvia, com dois camiões TIR com 50 toneladas de bens para doar a refugiados que precisem.

Também a Ordem dos Médicos se disponibilizou para receber refugiados em Lisboa e a associação Renovar a Mouraria espera hoje angariar dinheiro com uma visita guiada a este bairro lisboeta “com 51 nacionalidades presentes”.

A Universidade Europeia, em Lisboa, vai receber cinco estudantes sírios que frequentarão nos próximos três anos licenciaturas de gestão e turismo.

Também estão disponíveis para receberem estudantes refugiados a Universidade de Coimbra, o Instituto Politécnico de Castelo Branco (15 a 20 estudantes) e o de Leiria.

Já o Instituto Politécnico de Santarém está a preparar um conjunto de cursos que permitam a integração de refugiados, entre os quais o de Língua e Cultura Portuguesa.

Alguns cidadãos disponibilizaram-se para emprestar temporariamente casas desocupadas, em Nelas (Viseu), Redondo (Évora), Cadaval e Alenquer (Lisboa).

Com receitas destinadas ao apoio a refugiados, a Companhia Chapitô e o Teatro da Trindade Inatel vão apresentar o espetáculo “Édipo” na próxima quinta-feira, em Lisboa, e o teatro municipal São Luiz organiza o concerto “Lisboa Acolhe”, a 28 de setembro, com a participação de vários artistas como Camané, Carlão, Jorge Palma, Rita Redshoes, Sara Tavares e Sérgio Godinho.

O Marítimo, da I Liga portuguesa de futebol, tem disponibilidade para receber cinco crianças e o FC Porto doou um euro por cada bilhete no jogo com o Chelsea, da Liga dos Campeões de futebol, uma iniciativa seguida pelos clubes de futebol participantes nas competições europeias em 2015/16.

Ainda sem medidas concretas, o Governo Regional da Madeira declarou que vai “acompanhar o esforço de acolhimento” de refugiados, e, nos Açores, o Governo Regional convidou entidades públicas e particulares para um encontro, na segunda-feira, de preparação do processo de acolhimento.