Contra as “oito mentiras de Pedro Passos Coelho” que os socialistas querem desmascarar, a coligação atira com as “dez evidências que a oposição insiste em negar”. No Largo do Rato, as tropas de António Costa acusam o Governo de ter destruído “455 mil empregos”, de maquilhar os números do emprego e de falhar sucessivamente as metas do défice. Os apoiantes de Passos e Portas respondem com a descida da “taxa de desemprego para valores inferiores a junho de 2011”, com os números do turismo e das exportações e com a subida nos ratings dos mercados.

O primeiro a disparar foi o PS, no jornal do partido, o “Ação Socialista”. Primeira mentira: Passos diz que conseguiu generalizar “os doze anos de escolaridade obrigatória. Foi uma medida que o PS prometeu em 2005 mas que nunca saiu do papel”. O que diz o PS? Que é falso. “Foi um governo socialista que aprovou em 2009 a legislação que implementava a escolaridade obrigatória de 12 anos“. Ora, o líder da coligação, continuam os socialistas, “não só se ‘esqueceu’ este facto”, como “omitiu que, à data, nem o PSD, nem o CDS-PP aprovaram aquela iniciativa legislativa” Na verdade, diz o PS, este Governo “limitou-se a aplicar a lei criada pelo PS em 2009“.

Segunda mentira de Passos? O número de estagiários que consegue emprego depois de concluírem o estágio. “Ao contrário do que Passos afirma, e de acordo com o Tribunal de Contas, em 2014, apenas 33% dos estagiários foram integrados após a conclusão do estágio“. Assim como é mentira que tenha sido o Governo a aplicar a “condição de recursos no Complemento Solidário para Idosos“, acusam.

De mentira em mentira, os socialistas dizem que o Governo não conseguiu cumprir a meta do défice – “deveria ser de 0,5%” em 2015 e “será de 3,2%”, de acordo com a previsão do FMI” -, acusam o Executivo de Passos de ter destruído 445 mil empregos – um número ainda maior não fossem os “programas ocupacionais” que “mascaram as estatísticas de emprego” – e de ter falhado a reforma do IRS – “quem não se lembra, e quem não sentiu na sua vida, o ‘enorme aumento de impostos’ de Vítor Gaspar”.

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Por fim, os socialistas escrevem ainda que Passos está a colocar em causa o ensino público artístico e garantem também que, ao contrário do que diz Passos, António Costa nunca “se mostrou contra a ratificação do Tratado Orçamental“.

O quartel-general da coligação Portugal à Frente foi rápido a reagir e, através de um texto publicado na página oficial e partilhado no Facebook, respondeu com o crescimento da economia e da confiança dos investidores. Primeira evidência que a oposição “insiste em negar”? “Portugal conseguiu reconquistar a autonomia depois de uma saída ‘limpa’ da troika.

E continuam. A economia portuguesa “saiu da recessão” e entrou na “rota do crescimento com melhor desempenho na Europa“; a “taxa de desemprego” desceu para “valores inferiores” aos registados em 2011; e foram “recuperados 220 mil postos de trabalho desde o início de 2013“.

Mas há mais evidências e a coligação não desarma. Sociais-democratas e centristas garantem que a “confiança dos consumidores atingiu valores máximos dos últimos catorze anos“, que já “24 mil empresas abriram portas” só desde de janeiro deste ano e que 2014 foi o “melhor ano” de que há registo “no volume de exportação de bens“. E ainda citam a revista Forbes: de acordo com aquela publicação, “Portugal é o melhor país para se investir“.

A terminar, a coligação lembra ainda a subida nos ratings dos mercados como mais um sinal da “recuperação da economia” portuguesa, compromete-se com o défice abaixo dos 3% e lembram o facto de a dívida pública estar a diminuir pela primeira vez nos últimos quinze anos. A duas semanas das legislativas, a guerra de palavras entre a coligação Portugal à Frente e o PS está a aquecer.