O ministro de Estado e dos Negócios Estrangeiros, Rui Machete, defendeu, em Berlim, que a situação dos refugiados justifica que Portugal faça “alguns sacrifícios” nos próximos anos, como o acolhimento de 4.500 pessoas.

“A situação dos refugiados justifica que se façam alguns sacrifícios. Nós reconhecemos que o nosso esforço é grande, mas justifica-se” disse Rui Machete, depois de os ministros da Justiça e do Interior da UE terem aprovado na terça-feira, em Bruxelas, um plano para distribuição de 120 mil refugiados pelos Estados-membros.

Os chefes de Estado e de Governo dos 28 estão reunidos durante o dia de hoje para ratificar a decisão, que prevê o acolhimento de 4.500 refugiados em Portugal.

Rui Machete, que se reuniu na capital alemã com o ministro das Relações Exteriores da Alemanha, Frank-Walter Steinmeier, evidenciou o papel da sociedade civil portuguesa no acolhimento de migrantes, lembrando que o país “reagiu com grande generosidade e encontrou formas de ajudar pessoas nessa situação”.

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Questionado sobre a suspensão das ligações de comboio com a Áustria e a Hungria até 04 de outubro por parte da Alemanha, o ministro sublinhou que esta medida provisória “foi necessária para ganhar algum tempo para realização da receção de um número tão vasto de refugiados”.

Rui Machete acrescentou que a forma como a Alemanha lidou com o grande afluxo de refugiados “deu um bom exemplo à Europa” e descreveu a receção de migrantes pelos cidadãos alemães como um “gesto generoso”.

O ministro de Estado e dos Negócios Estrangeiros referiu que a chegada de milhares de refugiados à Europa está ligada “ao terrorismo e à guerra na Síria” e adiantou que “posição russa [no conflito sírio] tem de ser seguida com um certo cuidado” sobretudo devido “à deslocação de tropas no território sírio”, referindo que “podem ter um objetivo estratégico mais ambicioso”.

O encontro de Rui Machete com o ministro das Relações Exteriores da Alemanha centrou-se também no investimento de empresas alemãs em Portugal e em países africanos de expressão portuguesa, na união bancária e nos problemas de segurança no Golfo da Guiné.