Duas equipas da AMI Portugal, num total de seis pessoas, partiram esta quinta-feira para a Grécia e Itália para fazer um diagnóstico do fenómeno migratório e da crise dos refugiados e definir a “terapêutica” mais adequada para uma possível estabilização.

Em declarações à agência Lusa, o presidente da Assistência Médica Internacional (AMI) Portugal disse que a organização tem acompanhado “com extrema preocupação”, ao longo dos últimos meses, tudo o que tem acontecido em relação aos fluxos migratórios que têm chegado pelas duas principais portas de entrada para a Europa: Grécia e Itália. Nesse sentido, adiantou Fernando Nobre, decidiram enviar para o terreno duas equipas, uma constituída por quatro pessoas, que vai para as ilhas de Lebos e Kos, na Grécia, e outra, com dois elementos, que vai para a ilha de Lampedusa, em Itália.

Nas ilhas de Lebos e Kos, a equipa, chefiada por Fernando Nobre, vai estabelecer contactos com os municípios e as instituições locais, com a igreja ortodoxa e com os refugiados e os migrantes. Por outro lado, sublinhou a importância da equipa que parte para a ilha de Lampedusa, apontando que o fluxo de pessoas que chegam à ilha continua a ser diário.

“Nós queremos elaborar um diagnóstico o mais certo possível, para uma vez feito o diagnóstico do que realmente se está a passar e que perspetivas se avizinham (…) [elaborarmos] uma metodologia de ação assente num tripé”, adiantou Fernando Nobre. Na opinião do responsável, as perspetivas futuras “só podem ser mais gravosas, na medida em que até agora nada foi feito para se debelarem as causas que impulsionam essas centenas de milhares de pessoas de tentarem chegar até à União Europeia”.

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Fernando Nobre explicou que a metodologia terá três eixos fundamentais, entre uma aposta no desenvolvimento dos países da África subsariana, atuação e criação de condições nos países do Médio Oriente e colocar à disposição dos refugiados a rede social que está montada em Portugal.

“Vamos estabelecer um diagnóstico, vamos ver qual a terapêutica adequada possível no quadro da AMI, tendo em conta os meios financeiros que temos e de que podemos dispor, para dar o nosso contributo para uma estabilização de uma situação que quanto a mim só tenderá a agravar-se e durará para os próximos dez anos”, apontou.

Como se trata de uma missão de estudo, de avaliação e de decisão, o presidente da AMI disse que as duas equipas deverão ficar no terreno durante dez dias, prazo que poderá ser alterado, “pelo tempo que for necessário”, mediante o que virem e os dados que recolherem.

Fernando Nobre aproveitou também para sublinhar que a “Europa está perante o maior dilema depois do final da Segunda Guerra Mundial, um dilema para o qual não se vê um prazo” e alertou para os riscos que os extremistas, principalmente do autoproclamado Estado islâmico, representam. “Solidariedade absolutamente sim, mas que estejamos atentos e que a Europa estabeleça regras de convivência democráticas, de tolerância, de reciprocidade para que o amanhã não venha a ser mais problemático ainda do que já é”, frisou.

Para a realização desta missão, a AMI está a aceitar donativos, que podem ser depositados na conta da organização, entregues através das plataformas de angariação de fundos online (http://donativo.ami.org.pt/), ou por pagamento nas caixas multibanco.