O presidente da Assembleia Nacional de Angola endereçou uma carta ao seu homólogo do Parlamento Europeu, na qual repudia a resolução tomada por aquele órgão sobre limitações de liberdades no país africano.

O líder da bancada parlamentar do Movimento Popular de Libertação de Angola (MPLA), Virgílio de Fontes Pereira, que participa, em Bruxelas, na 39.ª assembleia parlamentar de África, Caraíbas e Pacífico, foi o portador da carta.

Em declarações prestadas esta sexta-feira à rádio pública angolana, Virgílio de Fontes Pereira disse que a posição de Angola “é de repúdio pelas inverdades e manipulações que constam do relatório”.

O deputado do partido maioritário disse ainda que a posição do parlamento angolano foi igualmente apresentada aos países da ACP.

“É uma atitude que nós condenamos e temos estado a condenar veementemente e notamos que, para algumas pessoas, há claro entendimento que houve manipulação dos factos e que induziu um órgão com a seriedade e credibilidade que, na minha opinião, é posta em causa nesse processo, como é o Parlamento Europeu”, frisou o deputado angolano.

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Para Virgílio de Fontes Pereira, o Parlamento Europeu “falhou” ao não cumprir os procedimentos ditados pelo Acordo de Cotonou, “em que se exigem um diálogo equilibrado, aprofundado entre todos, e esse diálogo não existiu com Angola”.

Este é mais uma tomada de posição de Angola face à aprovação, no passado dia 10 deste mês, pelo Parlamento Europeu de uma resolução sobre “tentativas incessantes” das autoridades angolanas para limitar as liberdades de expressão, de imprensa e de reunião pacífica e de associação.

Além das limitações de liberdades, a resolução chamou também atenção ao nível de corrupção e as deficiências no sistema anti-branqueamento de capitais em Angola.

Numa primeira reação, o Governo de Angola recusou o teor da resolução e advertiu que a posição do Parlamento Europeu não beneficia a cooperação bilateral.

Esta sexta-feira foi organizado em Lisboa um debate sobre Angola, que contou com a presença do escritor angolano José Eduardo Agualusa, a eurodeputada Ana Gomes e o jornalista Rafael Marques.

Durante o debate, José Eduardo Agualusa criticou a detenção de 15 jovens no país por tentativa de golpe de estado, afirmando que “não se constrói uma democracia com presos políticos”.