O embaixador russo na Polónia, Sergei Andreev, disse, este sábado, que Varsóvia (na Polónia) foi parcialmente responsável pela II Guerra Mundial, provocando uma tempestade de protestos no país que afirma ser a sua maior vítima. Sergei Andreev acusou a Polónia – que perdeu grande parte da sua população no conflito – de “bloquear a criação de uma coligação antinazi”, pelo que se tornou “corresponsável pela II Guerra Mundial”.

O embaixador também justificou a invasão soviética da Polónia, depois de Hitler e Estaline terem concordado secretamente dividir o país entre eles, como tendo sido necessária para “garantir a segurança da União Soviética”.

Quanto à decisão soviética de esmagar a resistência polaca no fim da guerra, o diplomata disse que foi motivada pela necessidade de ter um “país amigo nas suas fronteiras”.

Estas declarações foram mal recebidas em Varsóvia, com os polacos a considerarem os comentários de Andreev altamente prejudiciais para as relações entre os dois países vizinhos, já tensas pela guerra na Ucrânia.

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“A narrativa apresentada pelo mais alto representante oficial do Estado russo na Polónia desafia a verdade histórica e invoca algumas das interpretações mais mentirosas dos acontecimentos”, disse o ministério polaco dos Negócios Estrangeiros em comunicado.

Cerca de seis milhões de polacos – mais de três milhões dos quais judeus – foram mortos na Segunda Guerra Mundial, o que representa mais de um sexto da população que existia no país antes do conflito.

Cerca de 200 mil soldados polacos foram enviados para campos na Sibéria depois de o Exército Vermelho ter invadido a Polónia em setembro de 1939, e quase 22.000 dos oficiais foram massacrados. Várias centenas de milhares de polacos considerados “inimigos do povo” também foram transportados para campos de prisioneiros e de trabalho soviéticos, onde muitos morreram.