O distrito de Braga é o único em Portugal, desde as primeiras eleições para a Assembleia da República em 1976, onde o partido mais votado no círculo acabou por ser sempre o vencedor das legislativas.

Desde 1976, sempre que o PS venceu no círculo de Braga acabou por vencer as eleições e o mesmo aconteceu com o PSD — quando concorreu sozinho ou coligado. Os socialistas venceram as eleições legislativas de 1976,1983, 1995, 1999, 2005 e 2009 e, em todos estes anos, venceu o ‘cor-de-rosa’ no distrito de Braga. Já o PSD venceu em 1979 e 1980 — em pré-coligação — e em 1985,1987,1991,2002 e 2011 — sozinho –,sendo que em todas estas eleições o distrito de Braga foi ‘laranja’.

O secretário-geral adjunto da Administração Eleitoral, Jorge Miguéis, apesar de afirmar que quaisquer reflexões sobre este facto possam dar azo a “conclusões arriscadas”, considerou que a juventude da população e a densidade populacional serão as principais razões para este fenómeno.

“A explicação que encontro para Braga é esta: o eleitorado vai-se reproduzindo de uma forma harmónica, não tem grandes emigrações — embora tenha alguma — e vai crescendo”, considerou o secretário-geral adjunto da Administração Eleitoral. Jorge Miguéis afirmou ainda que “o peso do voto da juventude acaba por se distribuir da mesma forma que o peso do voto das outas pessoas”. “Este ano não aumentou, mas é dos poucos distritos que tem aumentado o número de deputados eleitos (…) portanto os resultados vão-se reproduzindo umas vezes para o PS e outras vezes para o PSD “, acrescentou.

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O círculo de Braga é o terceiro maior do país, depois de Lisboa e Porto, e elegerá a 04 de outubro 19 dos 230 lugares do próximo parlamento.

No distrito da Guarda — excetuando as eleições de 1976, onde no círculo distrital venceu o CDS-PP –, também o partido mais votado no círculo acabou por ser sempre o vencedor das legislativas. “No caso da Guarda não encontro explicação, primeiro porque é um distrito de emigração e o número de deputados é menor [elege quatro parlamentares] e qualquer dia se calhar é menor ainda”, declarou Jorge Miguéis.

Ainda assim, o secretário-geral adjunto da Administração Eleitoral teceu algumas observações sobre os resultados eleitorais do distrito. “A Guarda mantém-se com esses resultados provavelmente porque o eleitorado está a descer, é sempre o mesmo — são envelhecidos — e vota sempre no mesmo, vota conservadoramente, consoante as ondas”, afirmou Jorge Miguéis.

São os votos dos indecisos que acabam, contudo, por fazer a diferença no resultado eleitoral. “As eleições decidem-se por 20% dos eleitores ou talvez menos, que são os chamados indecisos, e os indecisos ou pendem para um lado ou pendem para o outro e são esses que fazem pender em Braga para o PS ou para o PSD e na Guarda também para o PS ou para o PSD”, observou Jorge Miguéis, ressalvando que “enquanto Braga tem muita influência para os resultados finais a Guarda não tem muita expressão”.

“Mas às vezes são distritos não tão numerosos em número de deputados e em número de eleitores que representam a tendência do eleitorado, que são os distritos (…) de Leiria, Santarém e Castelo Branco”, afirmou o secretário-geral adjunto da Administração Eleitoral.

Já nos distritos de Lisboa, Coimbra, Porto, Santarém e Faro a única vez que este fenómeno — vencedor no círculo igual a vencedor nas eleições – não se verificou foi em 2002, tendo o PS sido o mais votado nestes círculos mas quem acabou por ganhar as eleições legislativas foi o PSD.