Moradores de mais de 30 bairros sociais de todo o país voltam esta terça-feira a protestar, em Lisboa, contra a nova lei da renda apoiada, por não terem recebido qualquer resposta da primeira manifestação nacional realizada em março deste ano. A presidente do Instituto de Apoio aos Bairros Sociais (IBS), Daniela Serralha, disse à agência Lusa que são esperadas cerca de 500 pessoas na segunda Manifestação Nacional dos Bairros Sociais, em Lisboa, vindas em autocarros de norte a sul do país, desde Guimarães, Barcelos, Almada e Setúbal.

Segundo a responsável do IBS, o propósito desta segunda manifestação é protestar contra a falta de resposta tanto dos partidos políticos como do Instituto da Habitação e da Reabilitação Urbana (IHRU), após a primeira Manifestação Nacional dos Bairros Socais, que decorreu em março deste ano, em frente à Assembleia da República, em Lisboa.

Esta segunda manifestação, organizada pelo IBS em articulação com Associações de Moradores de todo o país, vai decorrer em frente à sede do IHRU, onde esperam ser recebidos para discutir a questão da nova lei da renda apoiada, assim como o aumento das rendas, a falta de obras e reabilitação dos prédios, e a situação dos despejos diários que estão a decorrer nos bairros sociais por todo o país. Caso não se concretize, o IBS pretende avançar com outro tipo de ações, afirmou Daniela Serralha.

Estes moradores têm sido das maiores vítimas das políticas de austeridade que tem colocado em risco as suas casas e famílias”, afirma o IBS num comunicado enviado na segunda-feira às redações.

Durante a manifestação, os moradores dos bairros sociais pretendem entregar no IHRU um cabaz com material de construção civil, numa ação simbólica que pretende alerta para o facto de “aumentarem as rendas às famílias, mas não fazerem qualquer tipo de obras”.

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Em causa está a nova lei da renda apoiada, que entrou em vigor no início do mês de março deste ano e prevê, entre outros aspetos, que se determine o valor a pagar pelos rendimentos brutos e não os líquidos dos arrendatários e que não se tenha em conta que os arrendatários mais antigos podem ter “doenças crónicas e despesas com medicamentos”.

Todos os dias ao Instituto de Apoio aos Bairros Sociais chegam pedidos de ajuda de famílias despejadas e sem dinheiro para as necessidades diárias mais básicas: saúde, alimentação, educação”, lê-se no referido comunicado.

A nova lei estabelece que as rendas sejam calculadas consoante os rendimentos e o agregado familiar, beneficiando, segundo o Governo, as famílias com mais elementos.

Esta é a realidade de um Portugal que queremos que vejam, isto diz-nos respeito a todos nós. São os nossos velhos, são as nossas famílias, as nossas crianças e o futuro (in)certo de um país”, escreveu Daniela Serralha.