A 21 de setembro, a ANTRAL – Associação Nacional dos Transportes Rodoviários em Automóveis Ligeiros anunciou que ia avançar com ações diárias contra a Uber, depois de já ter organizado a maior manifestação do país. E está a cumprir com o prometido. Na quarta-feira, bloqueou durante uma hora e meia a zona das chegadas do aeroporto de Lisboa, e esta quinta-feira manifestou-se em frente ao Instituto da Mobilidade e Transportes (IMT). Esta sexta-feira vai acompanhar a arruada da coligação PàF, do Largo do Carmo à Praça da Figueira, em Lisboa.

À SIC, Florêncio de Almeida, presidente da ANTRAL, disse que queria perguntar ao IMT por que é que não dava resposta aos ofícios que a associação lhe tem enviado. “A Uber é pirataria cristalina“, gritou um dos taxistas. Ao Observador, a ANTRAL não quis prestar declarações.

Já a Federação Portuguesa do Táxi (FPT) manteve-se distante das manifestações, como já tinha anunciado que faria a 1 de setembro. Ao Observador, o presidente Carlos Ramos disse que “a fazer-se algo” para combater os “clandestinos não é neste momento [de eleições] que se deve fazer”, porque este Governo já não vai poder resolver a situação. “Isto é dar tiros nos pés, é queimar etapas“, afirmou.

A FPT diz que não é só preciso combater a Uber, mas “toda a concorrência ilegal e desleal que existe no setor, promovida seja pelos donos de viaturas licenciadas para certos concelhos e que as deslocam, ilegalmente, para outros concelhos mais atrativos aos seus interesses desleais, quer a promovida pelo denominado transporte Uber”, escreve a FPT no documento que saiu da reunião nacional do setor de 19 de setembro.

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Os taxistas propõem o aumento da fiscalização junto das autarquias e a aplicação de medidas legais de punição aos infratores, como a cessação imediata de atividade e a apreensão das viaturas. Mais: a FPT propõe que “o poder central” agrave as coimas previstas para “valores que constituam verdadeiro desincentivo à prática da infração” e sugere o exemplo espanhol – uma multa de 4.000 euros para o motorista, 4.000 euros para o táxi ou particular e 4.000 euros para o intermediário que angaria o serviço, como a Uber.

“Mais se estabelecendo, como condição para a impugnação de tais coimas, o seu depósito imediato do equivalente ao valor da coima sob pena de apreensão da viatura usada e, no caso dos táxis, da respetiva licença, assim se evitando a litigância dilatória”, lê-se no documento.

Ao Observador, Carlos Ramos disse que “não há ninguém no setor que não esteja revoltado com a Uber” e que esta é “por princípio, ilegal, mas que não é possível pôr um polícia atrás de cada carro”, logo, o agravamento das coimas seria uma opção.

A Uber está proibida de operar pelo Tribunal Cível de Lisboa desde abril de 2015 e o processo está agora em sede de recurso, depois de o tribunal ter mantido as medidas cautelares após a oposição apresentada pela Uber.