Qual foi a mulher que nunca esteve aflita para ir à casa de banho e, perante uma fila gigante, optou por ir à dos homens? Isto porque as casas de banho femininas parecem ter sempre uma fila maior do que a casa de banho masculina — que costuma estar mais desocupada.

Soraya Chemaly refletiu sobre isto e escreveu um artigo sobre o sexismo nas casas de banho. Já em dezembro, Soraya publicava um tweet em que reclamava com um museu britânico. “Querido British Museum, há CINQUENTA mulheres e raparigas na fila para a casa de banho e a dos homens não tem fila nenhuma”.

Soraya critica uma situação que se repete em “escolas, em teatros, em salas de espetáculos” e outros espaços públicos. Há diferenças entre homens e mulheres no que respeita ao uso da casa de banho, nota. “As mulheres têm de usar a casa de banho mais vezes e durante mais tempo, porque nós sentamo-nos para urinar, temos menstruação, somos responsáveis pela reprodução da espécie (o que nos faz urinar mais), temos grandes responsabilidades com as crianças (que vão connosco à casa de banho) e amamentamos (muitas vezes nas casas de banho). A ativista pela igualdade de género acrescenta ainda que as mulheres tendem a usar roupas que demoram mais a tirar para urinar.

Para Soraya, a solução passa por atender a estas necessidades criando mais espaço para as casas de banho femininas, algo que está na legislação para alguns espaços públicos, mas que nem sempre é cumprido, aponta a crítica.

Aliás, a história das casas de banho nem sempre incluiu a figura feminina. “A inexistência de casas de banho para mulheres significava a exclusão das mulheres de determinadas profissões e de centros de poder, e funcionava também como um argumento claro para não contratar mulheres”, explica Judith Plaskow. E exemplifica com a Yale Medical School e com a Harvard Law School, que se recusaram a receber mulheres estudantes durante alguns anos por existirem “falhas nas instalações”. Agora, em 2015, há quem chegue mais longe. Se há papel higiénico grátis, porque é que não há tampões grátis nas casas de banho?, pergunta Jessica Valenti.

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