Os socialistas insistem: o PS pode governar mesmo perdendo. O ex-ministro da Presidência, Augusto Santos Silva, defendeu claramente na RTP que o que conta é o número de mandatos que cada partido e que se o PS tiver mais deputados do que o PSD sozinho (sem ser em coligação com o CDS) deve ser chamado pelo Presidente da República a formar governo.

“A Constituição dá uma margem grande ao Presidente para interpretar os resultados eleitorais. O critério relevante deve ser o do grupo parlamentar mais numeroso. É este que deve assumir as responsabilidades de formar governo”, afirmou o socialista na RTP, acrescentando uma frase que repetiu duas vezes: “Se o PS tiver maioria de deputados deve ser chamado à formação do Governo, presumindo que nenhuma força tem maioria absoluta“. Este é, para Santos Silva, “o critério mais adequado”.

“Vamos serenamente aguardar os resultados ao longo da noite”, limitou-se a dizer, na reação às projeções, o diretor de campanha de Costa, Duarte Cordeiro, acrescentando que “não há maioria parlamentar para nenhuma das candidaturas que se apresentaram a estas eleições“.

Na TVI, o ex-ministro e cabeça de lista em Santarém, Vieira da Silva, secundou estas declarações. “As eleições serão para eleger um Parlamento”, sublinhou, explicando que há “realidades noutras democracias e em muitas situações concretas” que mostram que “não é quem tem mais votos que tem mais condições para governar”.

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Durante a tarde, correu a informação de que o secretário-geral do PS, António Costa, tinha ligado a várias pessoas dizendo que o que importa é o número de deputados. Sendo assim, o socialista não se demitiria em caso de derrota nas percentagens que as televisões mostram de imediato. Os seguristas remeteram-se ao silêncio até agora.

Na primeira reação da coligação Portugal à Frente às projeções das 20h, o porta-voz do PSD, Marco António Costa fez questão de congratular-se com “o facto inequívoco” dos portugueses em preferirem o PSD/CDS para governar.

De qualquer forma, o grupo parlamentar do PS mais o do Bloco de Esquerda (que tem subido nas sondagens desde o início da campanha) podem não ser suficientes para alcançar a maioria absoluta.

O PCP, que se tinha recusado durante a campanha se o que contava eram os deputados por partido ou por coligação, quebrou o silêncio e colocou-se ao lado do PS. Na RTP, o líder parlamentar, João Oliveira afirmou que, “no plano constitucional, o que conta é o grupo parlamentar mais numeroso”. “A esquerda tem responsabilidade de se sentar à mesa“, defendeu, por seu turno, Rui Tavares do Livre, em reação às primeiras projeções.