Em 2011, o presidente nigeriano Ngoze Okonjo-Iweala lançou um concurso nacional de planos de negócio para empreendedores – queria dar aos 1.200 finalistas um prémio de 50 mil dólares (44,5 mil euros) para lançarem ou expandirem um negócio seu. O YouWiN! atraiu 24 mil candidaturas, os 6.000 semifinalistas fizeram parte de um programa de formação de quatro dias e 1.200 pessoas receberam as doações.

O Banco Mundial esteve atento à iniciativa. Durante três anos, analisou os negócios e avaliou o impacto deste estímulo, comparando o desenvolvimento destes negócios com os de um grupo de controlo. As conclusões foram publicadas num estudo liderado pelo economista David McKenzie e são claras: os projetos que receberam esta doação têm 37% mais hipóteses de sobreviver nos próximos três anos e 22,9% de probabilidade crescer para mais de 10 colaboradores.

“O concurso de plano de negócios YouWin! teve um grande impacto sobre a taxa de startups, na sobrevivência das que já existiam, no emprego, nos lucros e nas vendas. Conseguiu gerar mais empresas com 10 ou mais funcionários e dá a primeira prova experimental de como uma ação política direta pode estimular o crescimento das empresas”, lê-se no estudo.

O Quartz vai mais longe e escreve que dar dinheiro aos empreendedores pode ser o “melhor programa de emprego” de sempre. E o cientista político Chris Blattman, da Columbia Uniersity, disse mesmo que este era “o programa de desenvolvimento mais eficiente da história”. Os negócios pertenciam a áreas tão dispares como a tecnológica, a educação ou a agricultura.

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Os 1.200 projetos que receberam as doações criaram mais 7 mil empregos do que o grupo de controlo, inovaram mais, ganham mais e têm mais lucro“, lê-se no estudo. Mais: os empregos criados tiveram um custo para o governo de 28,136 dólares (24,9 euros), menos do que aquilo que o governo norte-americano gasta por posto de trabalho.

O facto de estes negócios poderem crescer para mais de 10 colaboradores ganha especial destaque, tendo em conta que a maior parte dos negócios criados em países em vias de desenvolvimento são auto-emprego. McKenzie disse ao Quartz que se se fizesse a mesma experiência num país como os Estados Unidos – ou outra economia desenvolvida – não se veria uma diferença tão grande entre os empreendedores que receberam a doação e os que não receberam.

“Esta análise diz que existem pessoas que podem ser identificadas através destas competições e quando lhes dás dinheiro, isso tem um impacto massivo num negócio daquele tamanho”, referiu McKenzie, acrescentando que “em termos de avaliação rigorosa do impacto dos programas ativos de governo para criar emprego, não consegui encontrar nada melhor”.

O Banco Mundial está a apoiar programas como o nigeriano entre países como Guiné-Bissau, Sengeal, Somália ou Uganda.