“Não quero ir à escola” e “estudar é uma seca” são duas das frases mais temidas pelos pais. Em tempo de regresso às aulas, é importante saber como motivar os filhos a estudar e a empenharem-se mais. E como falar — ou, neste caso, escrever — é fácil, o espanhol El País reuniu um conjunto de conselhos com ajuda de David Calle, professor e autor do livro No te rindas nunca (Nunca te rendas) e da professora Cristina Conde, do site Pedagogía. Feitas as apresentações, estas são as ideias principais.

Desistir está fora de questão

A motivação está para a educação como uma folha quadriculada está para a matemática — uma não existe sem a outra. É por isso que a professora Cristina Conde salienta a ideia do reforço positivo: “O reforço positivo consiste em valorizar tudo aquilo que eles fazem bem e reconhecê-lo com frases como ‘muito bem’, ‘é isso’, ‘estás a melhorar muito’, ‘continua assim’.” E aponta o dedo: às vezes criticamos  e esquecemo-nos de dar a tradicional palmadinha nas costas (quando necessário).

É necessária uma nova forma de educar

A mesma professora esclarece que um dos motivos por que alguns alunos encaram as tarefas escolares sem motivação é o facto de assumirem os trabalhos como uma obrigatoriedade. Mais, é fácil perceber que, muitas das vezes, os mais pequenos estudam por motivos externos à sua aprendizagem ou de modo a evitar castigos: “É quando um aluno estuda com motivação intrínseca, ou seja, por ele próprio, que aprende de verdade.”

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A isso acrescenta-se ainda a necessidade de uma outra forma de educar, com recurso às novas tecnologias — tablets, plataformas educativas ou jogos online –, ferramentas capazes de captar a atenção dos mais novos que ficam, assim, sujeitos a uma aprendizagem mais dinâmica e atraente. “Seja qual for a metodologia eleita, deve-se sempre procurar a participação dos alunos”, acrescenta Cristina Conde.

David Calle, por seu turno, lembra uma frase atribuída ao poeta William Butler Yeats — “educação não é encher um vaso, mas acender um fogo” — para explicar que aos professores cabe ensinar em período de aulas e são os pais, em casa, que devem acender as tais fogueiras do conhecimento.

Os pais deviam ser a verdadeira entidade reguladora das escolas. Há pais que se anulam perante algumas atitudes muito pouco sensatas de professores, seja em relação aos trabalhos de casa, a comentários ou até estratégias pedagógicas. Não gosto de pais que se intrometem de forma abusiva na vida da escola, mas também parece grave que haja aqueles que se anulem. É importante que nós assumamos que a escola tem um tempo que deve ser gerido, no essencial, pelos professores e deve ter nos pais uma entidade reguladora fantástica.” Eduardo Sá em entrevista ao Observador, setembro de 2014

O segredo também está na atitude dos pais

“Os pais devem ser exigentes, um equilíbrio entre serem firmes e carinhosos”, assegura Calle, explicando que repreender com afeto e respeito ajuda as crianças a tolerar o fracasso e a aceitar a crítica. O professor e escritor convida ainda os leitores de palmo e meio (mas não só) a refletirem sobre a seguinte frase: “Se os teus pais fossem os teus amigos, serias órfão.”

Já Cristina Conde aborda a falta de paciência de muitos progenitores e deixa-lhes uma última recomendação: pensem na forma como gostariam que lhes fossem explicadas as coisas, sobretudo considerando a idade dos filhos.