Os juros da dívida de Portugal tocaram, por momentos, o valor mais baixo dos últimos cinco meses esta segunda-feira, em 2,26%, no rescaldo das eleições legislativas que reconduziram a coligação PSD-CDS como força política mais votada. Depois de nove dias a baixar, porém, as taxas passaram, entretanto, a subir ligeiramente. Onde os juros da dívida continuam a baixar é em Espanha, com analistas a sublinharem que os resultados eleitorais em Portugal podem ser um bom agúrio para o desempenho de Mariano Rajoy nas eleições espanholas de 20 de dezembro.

Segundo a agência Bloomberg, os investidores transacionaram esta manhã, entre si, dívida pública portuguesa a 10 anos com uma taxa de 2,26%, um mínimo desde o dia 5 de maio. Entretanto, a tendência inverteu-se no mercado pouco líquido que é a dívida portuguesa e, após nove dias a cair, os juros estão, agora, a subir ligeiramente para 2,31% no prazo a 10 anos.

Os analistas receberam os resultados sem surpresa, tendo em conta o que diziam as sondagens nos últimos dias. “Este resultado veio em linha com o que era esperado e continuamos a achar que um governo de minoria não representa uma ameaça para as obrigações do Tesouro português”, escrevem analistas do banco holandês Rabobank em nota de análise distribuída esta manhã aos clientes. E porquê? “Porque um governo minoritário e um Partido Socialista cooperativo irão apoiar o compromisso do país com a redução da dívida e procurar corresponder à redução do défice prevista pelas regras europeias”, dizem os analistas.

A vitória de PSD-CDS acaba por reforçar as probabilidades de que Mariano Rajoy possa conseguir uma reeleição em dezembro, daí que os juros espanhóis estejam a baixar em todos os prazos, para 1,77% na maturidade a 10 anos. “A derrota dos socialistas portugueses é música para os ouvidos do chefe do governo espanhol, Mariano Rajoy”, diz Nicholas Spiro à agência Bloomberg. O diretor da Spiro Sovereign Strategy e especialista em mercados de dívida pública europeia diz que “o centro-esquerda de Portugal não conseguiu criar uma narrativa anti-austeridade credível”.

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Espanha beneficia, também, de uma subida de rating anunciada na sexta-feira, que a colocou ainda mais confortavelmente acima de lixo, em BBB+.

Bolsa de Lisboa sobe mais de 2%

Seguindo a tendência animadora nas outras praças europeias, o PSI 20 começou a semana em forte alta, a subir 2,1%.

“Embora sem maioria absoluta, a renovação do mandato do PSD-CDS foi recebida com optimismo pelos investidores, que estão a reavaliar os activos financeiros portugueses em função de um menor risco político e a comprar mais acções portuguesas”, diz Steven Santos, gestor do BiG.

Entre as principais subidas na bolsa de Lisboa está o BCP, que dispara 5,7% para 5,5 cêntimospor ação. Steven Santos justifica a valorização do BCP com a “elevada exposição à economia nacional e ao segmento empresarial, que deverá ser beneficiado pelos menores impostos sobre as empresas (IRC) e pelo apoio ao investimento privado e às exportações”.