Na década de 1960, Mao Tse-Tung tinha um problema científico urgente para resolver: o Vietname do Norte – grande aliado da China – pedira ajuda para diminuir as mortes dos seus soldados, que defrontavam o exército americano, atacados fortemente pela malária. Foi assim que nasceu o Project 523, desenhado para encontrar uma solução para aqueles que já se tinham tornado tolerantes ao medicamento mais conhecido, a cloroquina.

O governo chinês foi bater à porta da Academia de Medicina Tradicional Chinesa e foi a jovem cientista Tu Youyou, ainda pouco conhecida, quem ficou responsável pelo projeto. Aos 84 anos, tornou-se a primeira cidadã chinesa a receber o prémio Nobel da Medicina e Fisiologia, que dividiu com William Campbell e Satoshi Ōmura.

Foi através de plantas que chegou ao princípio ativo da artemisina que lhe valeu a distinção desta segunda-feira. Aos 84 anos recebeu o Nobel e o governo chinês afirmou que o feito se tornou numa defesa do valor da medicina tradicional chinesa, conta o The New York Times.

Contudo, alguns cientistas e comentadores têm afirmado que até à data, as autoridades científicas chinesas tratavam Tu Youyou com desdém. A verdade é que lhe foi negado um lugar como académica no corpo científico mais honorário da China, por não ser doutorada nem ter muita experiência internacional.

Tu Youyou foi para Hainan Island, no sul da China, aos 39 anos, tendo deixado a família para integrar o Project 523. De acordo com a Organização Mundial de Saúde (OMS), os medicamentos à base de artemisina, ou do seu uso combinado, continuam a ser a melhor solução contra o parasita da malária, que é transmitido pela picada de um mosquito.

Estima-se que todos os anos 584 mil pessoas morram com malária, que cerca de 198 milhões de pessoas são infetadas e 3,2 mil milhões de pessoas estão em risco de contrair a doença, segundo a OMS. Os sintomas da malária incluem febre, dor de cabeça e vómitos e aparecem cerca de 10 a 15 dias depois da picada do mosquito.

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