O presidente da Volkswagen americana foi alertado para um possível incumprimento do limite de emissões poluentes dos carros a gasóleo na primavera de 2014, quando foi publicado o estudo da Universidade da Virgínia Ocidental a denunciar o caso. Mas foi-lhe dito que podia ser resolvido.

Esta informação faz parte do testemunho inicial (que pode consultar em anexo) de Michal Horn apresentado esta quarta-feira numa audiência no congresso norte-americano. O gestor revela, ainda, que as equipas técnicas do grupo estavam a trabalhar com as agências norte-americanas para resolver o problema.

Ainda no ano passado, Horn foi informado de que a equipa técnica tinha já um plano específico para correções que permitiam aos veículos cumprir os limites legais para as emissões de óxido de azoto, que estava a ser discutida com as autoridades dos Estados Unidos.

Desde esse período que Michael Horn foi avisado de que a regulação norte-americana previa penalizações para o não cumprimento dos limites legais de emissões e que as agências poderiam realizar testes que podiam despistar o kit fraudulento, que permitia aos carros a gasóleo da marca cumprir os limites legais quando testados em laboratório.

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A Volkwsagen só revelou a existência do kit fraudulento instalado em automóveis diesel, nos modelos vendidos entre 2009 e 2015, a 3 de setembro, numa reunião com as agências ambientais dos Estados Unidos, a California Air Resources Board (CARB) e a U.S. Environmental Protection Agency (EPA). Este software “escondido” permitia reconhecer quando o carro estava a fazer os testes às emissões em laboratório, falsificando os resultados de forma a cumprir os limites legais.

Automóveis para 2016 já não têm kit fraudulento

O gestor contou ainda que o dispositivo fraudulento já não estava a ser instalado nos automóveis para comercialização em 2016, encontrando-se em processo de certificação um novo software a instalar num mecanismo auxiliar de controlo de emissões.

O escândalo que rebentou nos Estados Unidos rapidamente saltou para a Europa. A Volkswagen apresentou às autoridades alemãs esta semana o plano para reparar os motores afetados.

Neste depoimento ao comité do congresso que está a investigar o caso VW, Michael Horn, começou por pedir desculpas em nome da empresa e dos seus colegas na Alemanha.

“Estes eventos são profundamente perturbadores. Eu não acreditava que uma coisa assim fosse possível no grupo Volkswagen. Quebramos a confiança dos clientes, concessionários e empregados, bem como do público e dos reguladores.”

O líder da VW americana assume contudo que o grupo vai assumir “todas as responsabilidades pelas suas ações e está a colaborar com todas as autoridades relevantes”.

Horn adiantou ainda que a empresa alemã está a conduzir investigações, a nível mundial, sobre a manipulação das emissões. “As partes responsáveis vão ser identificadas e vão prestar contas“, garante, sem no entanto revelar mais detalhes deste processo que está em fase preliminar.

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