A polícia alemã fez buscas na sede da Volkswagen em Wolfsburg e noutras delegações do fabricante automóvel, esta quinta-feira. As buscas estão relacionadas com a investigação do escândalo do kit fraudulento, informou o Ministério Público.

“O objetivo das buscas foi apreender documentos e suportes informáticos” suscetíveis de identificar os funcionários envolvidos na fraude que abrange 11 milhões de veículos, nos quais foi instalado um ‘software’ que falseia os dados sobre as emissões poluentes do automóvel.

As diligências começaram na madrugada de quinta-feira, ainda prosseguem, e envolveram buscas a residências privadas de colaboradores do grupo alemão. Três procuradores e 50 investigadores criminais colaboraram neste raide. O material apreendido deverá demorar várias a semanas a ser analisado, segundo adiantou Birgit Seel, uma procuradora sénior do estado da Baixa Saxónia.

A porta-voz não identificou que funcionários foram alvo de busca domiciliária. Num comunicado por mail, a Volkswagen afirma estar a colaborar ativamente com o gabinete do procurador nesta investigação aos factos do caso e às pessoas responsáveis para chegar rapidamente e de forma completa ao fundo da questão. O fabricante alemão apresentou uma queixa-crime no dia 23 de setembro, na sequência do escândalo da manipulação de emissões nos carros a gasóleo.

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Sigmar Gabriel, ministro da Economia e vice-chanceler da Alemanha, visitou a sede da Volkswagen em Wolfsburg esta quinta-feira para se dirigir aos colaboradores. Disse-lhes que “é importante enviar a mensagem de que, no final, não podem ser os colaboradores a pagar pelo comportamento criminoso dos gestores” da empresa.

Dirigentes da Volkswagen respondem perante o congresso americano

As buscas decorrem no momento em que o responsável pela empresa nos Estados Unidos é recebido no Congresso norte-americano para uma sessão de perguntas e respostas, que se espera “ardente”, escreve o The Guardian. É provável que o representante da Volkswagen nos EUA receba críticas duras vindas da comissão de energia e comércio do Congresso. Michael Horn já está a responder a perguntas depois de ter divulgado ontem um testemunho por escrito onde revelava ter tido conhecimento da manipulação de emissões em carros americanos no ano passado.

Quem também vai ter de responder às perguntas dos congressistas é Phillip Brooks, responsável pelo departamento de fiscalização do ar da Agência de Proteção Ambiental, a organização que fez as acusações contra a Volkswagen, e Christopher Grundler, que faz parte da divisão de transporte e qualidade do ar.

Além do kit fraudulento, a comissão de finanças do congresso norte-americano disse que estava a investigar se a marca alemã utilizou os kits fraudulentos para beneficiar de cerca de 50 milhões de dólares em créditos fiscais sobre carros a gasóleo vendidos nos EUA – como estes carros supostamente poluíam menos, quer a Volkswagen quer os compradores beneficiaram de subsídios.

A Volkswagen está a ser investigada em vários países, incluindo o seu país de origem, a Alemanha, onde se estima que 2,8 milhões de carros estão equipados com este ‘software’ que liga o modo de baixas emissões do motor durante os testes e depois desliga-o quando o veículo circula em estrada.