Nem uma gota de álcool. Duas médicas britânicas, especialistas em pediatria e obstetrícia, escrevem na próxima edição do British Medical Journal (BMJ) que as mulheres grávidas não devem beber álcool porque não existe evidência de um “limite seguro”. Mary Mather, pediatra reformada, e Kate Wiles, a fazer um doutoramento em obstetrícia, dizem que o único conselho ético que podem dar remete para “a completa abstinência de álcool durante a gravidez”.

Citadas pelo Telegraph, as especialistas referem que os bebés podem sofrer de Síndrome Alcoólica Fetal — mas também de atraso mental, alterações no desenvolvimento e comportamento e pouco peso aquando do nascimento –, caso estejam expostos a álcool no feto.

A Síndrome Alcoólica Fetal (SAF) é uma entidade clínica do recém-nascido submetido a uma alcoolização pré-natal, cuja patologia se caracteriza por perturbações do recém nascido (prematuridade e hipotrofia, dismorfia craneo-facial, malformações associadas e perturbações de adaptação neo-natal) e por alterações do desenvolvimento pós-natal.” Álcool e problemas ligados ao álcool em Portugal, livro sob a chancela da Direção Geral de Saúde

O tema em debate é pouco consensual e muitos são os estudos contraditórios — e ainda há pouco tempo uma investigação apurou que uma em 10 mulheres norte-americanas bebem durante a gravidez. As médicas citadas referem-se a essa dupla informação como algo negativo, capaz de interferir na decisão final de futuras mães. Ambas defendem que as mulheres que estejam a planear ter uma família recebem, por norma, mensagens “confusas e contraditórias” que, em última análise, podem resultar num risco sério para mães e filhos.

O Departamento de Saúde do Reino Unido, por exemplo, recomenda que as mulheres devem evitar o álcool na sua totalidade, explica ainda o Telegraph. Mas diz também que, caso desejem beber, devem limitar-se a uma ou duas unidades por semana (o equivalente a um ou dois copos pequenos de vinho).

No artigo do BMJ lê-se ainda que não se conhece nem a forma nem a altura em que os danos acontecem no feto, estes que podem variar de gravidez para gravidez. “As mulheres grávidas devem saber que não há evidência de um nível mínimo de consumo de álcool na gravidez, abaixo do qual haja a certeza de que a exposição é segura”.

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