A ideia de António Costa alinhar com o PCP e o Bloco de Esquerda para formar Governo é um “suicídio”, para ele e para o partido que lidera. Assim pensa Luís Marques Mendes que, no seu habitual espaço de comentário político, defendeu que tal vai contra o ADN e história política do Partido Socialista: “Se António Costa alinhar num Governo [de esquerda] a três é um suicídio para ele e para o PS”. Marques Mendes considera que “António Costa está a fazer estes contactos todos para ganhar condições para reforçar a negociação com a coligação”.

O fim da linha apontado por Marques Mendes, a propósito de um Governo alinhado à esquerda, deve-se sobretudo às diferenças ideológicas, com a União Europeia e a reestruturação da dívida a serem os tópicos mais quentes, uma vez que “o PCP e o BE têm de se aproximar das regras europeias. Não é o PS que tem de mudar”.

A sublinhar as diferenças na esquerda está também o Tratado Orçamental, assunto em que PS, PSD e CDS estão de acordo, por oposição do PCP e BE: “Passar um programa de Governo é fácil, o problema é o orçamento”. Posto isto, o ex-líder do PSD, diz que não acredita que Costa seja defensor deste cenário, apesar de existirem “sectores radicais” dentro do PS que o são.

Mendes afirmou, ainda, que “as eleições fizeram-se para alguém ganhar e alguém perder” e que “quem ganhou deve governar e quem perdeu deve fiscalizar e, ao mesmo tempo, colaborar”. Fazendo uma leitura geral do resultado das eleições legislativas do último domingo, que deram uma maioria relativa à coligação, o comentador político afirma que “o PSD e CDS têm de se entender com o PS”.

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Recorde-se que o líder do PS reúne-se na segunda-feira com o Bloco de Esquerda e na terça-feira com Pedro Passos Coelho e Paulo Portas.

Sobre as presidenciais

Como seria de esperar, Luís Marques Mendes não deixou de comentar a candidatura de Marcelo Rebelo de Sousa à Presidência da República, que ficou oficializada esta sexta-feira. Apesar de Marcelo ser, na óptica de Mendes, um “pré-candidato” (que já tinha dado todos os sinais daquilo que tencionava fazer), o professor não deixou de o surpreender pela forma “diferente” como que fez as coisas: “Marcelo Rebelo de Sousa surpreendeu porque foi diferente, antecipou-se a tudo e todos.” O ex-líder do PSD elogiou também o discurso “intimisma, sozinho e que toda a gente entende”, uma vez que pertence “ao conjunto de portugueses que está farto de discursos políticos tradicionais, à direita e à esquerda”.

Já sobre Rui Rio, considera que, caso concorra, “não tem grandes condições para ter sucesso” e que, se aparecer agora, “vai parecer um divisor”. Mais positivas foram as palavras dirigidas aos candidatos do PS: Maria de Belém “tem apoios importantes” e vai “apresentar uma candidatura reforçada” e Sampaio da Nóvoa “ficou numa situação difícil, mas teve uma atitude muito digna”.

O cenário para as presidências está quase completo: Maria de Belém apresenta oficialmente a sua candidatura esta terça-feira e Edgar Silva (PCP) fá-lo na quinta.