Alexander Lukashenko lidera a Bielorrúsia há 21 anos. Mas parece já estar a preparar a sua sucessão. E o seu sucessor pode ser o filho, Nikolai, de 11 anos de idade, numa passagem de testemunho ao estilo dinástico da Coreia do Norte.
Lukashenko conhecido como o último ditador europeu, tem ficado, como conta o Telegraph, associado a detenções de opositores, à repressão de manifestações ou até ao assassinato de rivais. Dessa forma tem conseguido ser sempre reeleito sem dificuldade, como votações esmagadoras, ao estilo das norte-coreanas: ainda este domingo voltou a conseguir 83,49% dos sufrágios. Agora parece que é o seu filho de 11 anos começa a ser o foco das atenções, pois multiplicam-se os sinais de que será o escolhido para continuar o legado do pai.
Nikolai, também conhecido como Kolya, já não é uma cara desconhecida para o povo bielorrusso. E também não para a comunidade internacional. Isto porque o jovem acompanha regularmente o pai nas mais diversas cerimónias políticas ou militares e em encontros com outros líderes.
A primeira vez aconteceu em 2008, quando Nikolai, na altura com 4 anos de idade, apareceu de uniforme militar para a parada no Dia da Independência em Minsk. Desde esse dia o possível sucessor de Lukashenko já conheceu figuras como o Papa Bento XVI, Hugo Chavez, o atual primeiro-ministro russo Dmitry Medvedev, que até lhe ofereceu uma pistola dourada ao estilo James Bond, o atual líder da Rússia Vladimir Putin, e esteve presente na última Assembleia Geral das Nações Unidas em Nova Iorque onde conheceu Michelle e Barack Obama.
Segundo o mesmo jornal britânico, Lukashenko sempre se recusou a revelar a identidade da mãe do seu possível sucessor. No entanto, as especulações apontam para a médica pessoal do presidente bieolurruso, e que terá sido a segunda amante desde que se tornou líder do país. A médica é uma das muitas amantes que Lukashenko terá colecionado durante o seu mandato. Nikolai é o mais novo de três filhos, sendo que os dois mais velhos são da ex-mulher do presidente, de quem se separar há mais de 20 anos.
Estas aparições da criança de 11 anos já provocou algumas reações. Nomeadamente de Andrei Sannikov, que foi o candidato presidencial da oposição em 2010, agora a viver no exílio: “Quando vejo esta criança a ser usada para humilhar líderes estrangeiros, só tenho pena dele.”
Mas estes sinais podem significar mais do que a preparação da sucessão. É que a Constituição do país prevê que é necessário ter no mínimo 35 anos para se tornar presidente. Por isso Lukashenko pode estar a dar sinais de que vai querer estar no poder até o seu filho tiver a idade mínima prevista na lei. Ou seja, mais 24 anos.
“A sucessão dinástica é uma possibilidade a longo prazo. Kolya ainda é muito novo, mas isso é deliberado, pois envia uma mensagem: ‘Eu posso estar a preparar o meu filho para o poder, não se vão ver livres de mim tão cedo'”, afirma Andrew Wilson, especialista em política pós-União Soviética e citado pelo Telegraph.
A última aparição pública de Kolya aconteceu no útlimo domingo. No dia das eleições presidenciais que deram o quinto mandato consecutivo a Lukashenko, quem acompanhou o presidente durante as votações foi, naturalmente, o seu filho. Vestia um impecável fato azul, levava gravata e foi ele quem introduziu o voto do pai na urna.