O cardeal Giovanni Battista Re, prefeito emérito da Congregação para os Bispos, retomou hoje a questão da fé na missa de encerramento da peregrinação de outubro a Fátima, considerando que a “maior desgraça” é a perda da fé.

“O grande problema do nosso tempo é a [perda da] fé em Deus”, afirmou Giovanni Battista Re, considerando não ser “irrelevante nem marginal a questão de ter ou não ter fé, porque muda radicalmente a maneira de pensar e agir”.

Para o também presidente emérito da Pontifícia Comissão para a América Latina, a fé “é uma questão importante não só para a salvação eterna, mas também para uma vida serena nesta terra”.

“Por isso, a maior desgraça que nos pode acontecer é precisamente a perda de fé”, salientou o cardeal italiano, notando que hoje a fé está passar por uma “dura prova”, dado que “estilos de vida e correntes de pensamento põem-na em dúvida ou até a minam pelas raízes”. O cardeal considerou ainda a Virgem como “um modelo e apoio” da fé.

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Referindo-se a Fátima, o prefeito emérito da Congregação para os Bispos destacou que as “aparições de Nossa Senhora são um apelo à conversão, à penitência, à oração e à santidade” e “uma chamada a mudar de vida”.

Perante milhares de fiéis, numa missa que está a ser concelebrada por 25 bispos e 360 sacerdotes, o cardeal italiano lembrou, depois, João Paulo II, que acompanhou em duas das suas visitas a Fátima.

“Quis pôr em realce que a mensagem de Fátima coloca-se no centro das preocupações mundiais e dos trágicos acontecimentos do século passado, marcado por duas guerras mundiais e duas ditaduras”, o nazismo e o comunismo da União Soviética, afirmou o cardeal que classificou estas como “duas ideologias que espezinharam os direitos humanos e foram causa de imensos sofrimentos”.

Na homilia, o presidente das celebrações destacou a ligação da mensagem de Fátima às duas guerras, referindo-se à visão da Virgem que fez antever aos videntes os “danos imensos que o regime da União Soviética causaria à humanidade com a sua adesão ao ateísmo, espalhando os seus erros pelo mundo e fazendo pagar um alto preço de sangue a muitos cristãos pela fidelidade à sua fé”.

O cardeal abordou ainda a visão de que “a luta contra Deus e contra a Igreja chegaria ao ponto de quererem matar o papa”, o que sucedeu com João Paulo II, a 13 de maio de 1981, na Praça de São Pedro, em Roma.

“Os factos (…) dizem respeito a vicissitudes que pertencem já ao passado, mas a mensagem de Fátima continua a interpelar-nos ainda hoje” e propõe, “de novo, à Igreja e ao mundo moderno, os valores eternos do Evangelho”, acrescentou.

Segundo o santuário, até às 10:00 de hoje 221 peregrinos foram assistidos no posto de socorros da instituição, tendo 134 pessoas recorrido ao lava-pés. Foram ainda admitidos 194 doentes para a bênção, que antecede a procissão do adeus, com que terminam as cerimónias.

A peregrinação internacional aniversária de outubro é a última grande celebração do ano ao Santuário de Fátima que, em 2017, assinala o centenário dos acontecimentos na Cova da Iria, tendo o papa Francisco manifestado vontade de estar no templo em maio desse ano.