O Movimento de Defesa do Ramal da Lousã (MDRL) exigiu a reposição urgente do serviço ferroviário desativado em janeiro de 2010 para dar início ao projeto Metro Mondego, que foi suspenso no ano seguinte.

“Utentes e todos os habitantes destes concelhos estão a ser muito prejudicados pelo facto dos comboios terem deixado de circular neste ramal centenário. É necessário que as populações e as empresas de Lousã, Miranda do Corvo e Coimbra tomem consciência da dimensão deste problema”, refere o movimento, em comunicado.

A Linha da Lousã, que funcionava desde 1906, entre Coimbra e Serpins (Lousã), foi encerrada em janeiro de 2010 para a instalação de um sistema de transporte mais moderno e cómodo, no âmbito do projeto Metro Mondego, que previa a colocação de um metro ligeiro de superfície do tipo “tram-train” – com capacidade para circular nos eixos ferroviários, urbanos, suburbanos e regionais – no Ramal da Lousã e na cidade de Coimbra.

Reunido em Miranda do Corvo, na sexta-feira, o MDRL voltou a lamentar “o desperdício de verbas públicas num projeto megalómano e o engodo que têm sido os ditos transportes alternativos rodoviários, sorvedouro de dinheiro da Metro Mondego”.

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“As populações queixam-se do tempo de percurso dos autocarros, dos frequentes atrasos e quebra nos horários estabelecidos”, lamenta o movimento, que critica duramente a hipótese assumida pelo Governo de colocar um sistema de “autocarros elétricos, de duvidosa viabilidade, numa linha de montanha, implantada numa zona de baixa densidade populacional”.

No comunicado, o MDRL recorda que a Europa promove o transporte ferroviário e, em Portugal, “com elevada despesa, destruíram uma linha centenária e ‘roubaram’ o comboio, dificultando a mobilidade de muitos milhares de pessoas que usavam esse transporte para acesso ao trabalho, ao ensino, à saúde”.

“Manuel Tão, especialista em transportes, docente da Universidade do Algarve, num encontro em Coimbra, recordou que os autocarros elétricos têm tido alguma aplicação em áreas urbanas, mas não em áreas suburbanas, como é o caso do Ramal da Lousã”, lê-se no documento.

Citando o especialista, o movimento de utentes acusa o Governo de “tentar introduzir um sistema rodoviário em que não há a atratividade, conforto e fiabilidade de um transporte ferroviário, que tem capacidade de ir buscar pessoas ao carro”.

O ramal ferroviário da Lousã era a principal ligação do interior do distrito a Coimbra, servindo um milhão de passageiros por ano dos concelhos de Góis, Lousã, Miranda do Corvo e Coimbra.