O governo irlandês vai distribuir 1.500 milhões de euros, através de reduções de impostos e investimentos públicos, no próximo Orçamento do Estado. A cerca de seis meses das eleições, o governo de Enda Kenny (primeiro-ministro) e Michael Noonan (ministro das Finanças) garantem que a Irlanda está “num novo caminho” e que se vão acabar na Irlanda os booms e os busts, ou seja, as bolhas e respetivos estouros.

A economia irlandesa está a criar 1.100 postos de trabalho a cada semana e caminha para recuperar os empregos destruídos durante os anos da crise financeira. A garantia, citada pela BBC, foi dada no parlamento por Michael Noonan: “Até ao final da década teremos neste país mais pessoas empregadas do que alguma vez houve na Irlanda”.

Este governo, que liderou a Irlanda até à saída da troika no final de 2013, vai a eleições no final do próximo inverno/início da primavera. O Orçamento para 2016 é, portanto, o último que esta equipa executiva apresenta antes de se submeter, novamente, ao voto. Além disso, este orçamento é especial porque o próximo ano marca o centenário da Revolta da Páscoa (de 1916), o acontecimento que levaria ao nascimento da República da Irlanda.

A folga orçamental de 1.500 milhões foi obtida graças ao desempenho robusto da economia. Uma estimativa recente antecipou um crescimento de 6,5% do PIB este ano, mas o governo continua a apontar para 6,2%. A Irlanda será, assim, segundo o Financial Times, a economia da zona euro com crescimento mais rápido pelo segundo ano consecutivo.

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O objetivo deste orçamento é “manter a recuperação em curso dando alívio fiscal e melhores serviços para os cidadãos irlandeses”, diz Noonan, garantindo que os estímulos fiscais não colocam em risco o cumprimento das regras orçamentais europeias.

Eis algumas das medidas de alívio fiscal e estímulo económico que o governo irlandês incluirá no Orçamento:

O Imposto Social Universal vai ser reduzido. Esta é uma taxa muito impopular – conhecida como o “imposto do resgate” – que foi aplicada a todas as pessoas que ganham mais de 12 mil euros por ano. A fasquia para definir quem paga a taxa vai subir para quem tem um vencimento superior a 13 mil euros (por ano). Esta espécie de sobretaxa extraordinária aplica-se desde 2009 não só aos salários mas, também, às pensões. A ideia do governo é “eliminar progressivamente” este imposto.

Um conjunto de reduções de impostos sobre o rendimento podem significar, diz o governo, que uma família com apenas um elemento assalariado, com dois filhos, com um rendimento até 35 mil euros por ano levará para casa mais 57 euros de salário por mês.

Serão, também, reduzidos os impostos sobre os rendimentos de capital. E vai, ainda, baixar a fasquia a partir da qual se pagam impostos sucessórios. O governo vai, também, dar prioridade aos impostos que afetam a circulação de veículos pesados de mercadorias nas estradas e haverá, ainda, mexidas na fiscalidade que incide sobre os lucros obtidos com rendimentos de propriedade intelectual e patentes – de 10% para 6,25%.

Destaque final para medidas sociais como a saúde gratuita (medicina geral) para crianças até aos 12 anos de idade. Na saúde, ainda, prevê-se o investimento de 14,2 mil milhões de euros. Para melhorar os serviços nas escolas serão investidos três mil milhões de euros e haverá orçamento para contratar mais 600 polícias.