O governo francês está entre os países que veriam com bons olhos a criação de um corpo de guardas fronteiriços – sob o comando da União Europeia, a partir de Bruxelas – que ajude a conter a entrada descontrolada de refugiados na Europa. Esta é uma das medidas mais duras que serão discutidas na Cimeira Europeia desta quinta-feira, onde também se devem ouvir críticas de Bruxelas aos países que não estão a cumprir os objetivos no acolhimento de refugiados.

Este “exército” seria controlado pela Frontex, a agência de controlo de fronteiras sob a alçada da União Europeia, noticiou o Financial Times ao final do dia de quarta-feira. A medida, a ser aprovada, poderá ser acompanhada de regras mais duras para a deportação de refugiados, uma hipótese que já foi noticiada na semana passada.

Medidas como estas indicam que vários líderes europeus, incluindo os alemães, estão cada vez mais disponíveis para uma atuação mais agressiva, algo que ficou ilustrado pelas declarações recentes de Donald Tusk, presidente do Conselho Europeu. “Sejamos claros quanto a uma coisa: o acesso excecionalmente fácil à Europa é um dos principais fatores de atração”, afirmou o polaco na carta que enviou aos chefes do governo.

Países como a Hungria, a Grécia e a Itália têm tido a responsabilidade quase exclusiva de controlar militarmente a entrada de refugiados. Razão por que a Comissão Europeia poderá, assim, criar um plano para fortalecer de forma significativa os meios da Frontex.

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A Alemanha e a França têm assumido uma posição mais dura à medida que os meses avançaram e a chegada dos refugiados dava poucos sinais de reduzir-se. Assim, com países como a Hungria há muito a pedir uma política mais dura, a natureza das medidas propostas tem-se tornado cada vez mais agressiva. Segundo o FT, uma das medidas que se sabe ter sido proposta é a introdução de leituras às impressões digitais a toda a gente que entra na União Europeia – incluindo europeus que tenham saído e queiram voltar a entrar, após um período de férias por exemplo.

Países não estão a cumprir objetivos de acolhimento, acusa a Comissão

Na véspera desta Cimeira, a Comissão Europeia lançou críticas aos países por não estarem a cumprir as regras acordadas no encontro do mês passado – em que ficou definido como serão distribuídos 160 mil refugiados. O The Wall Street Journal diz que Juncker admite que o plano acordado não está a ser cumprido como ficou acordado.

Jean-Claude Juncker, presidente da Comissão Europeia, deixou uma crítica: “As instituições europeias cumpriram rapidamente, como era suposto fazer-se fizemos. Mas os Estados-membros ainda não corresponderam a isso”. “Não são as palavras que contam, são os atos”, acusou Juncker.

As críticas prendem-se, essencialmente, ao facto de ainda faltar muita informação sobre como e quando os refugiados serão acolhidos. Além disso, tardam em chegar as contribuições financeiras dos Estados-membros para organizações de ajuda humanitária.