O Governo de Macau disse hoje que vai continuar a limitar a abertura de novas mesas de jogo no território e a controlar a “dimensão do crescimento” do setor, lamentando as críticas recentes de um operador de casinos.

Na sequência de críticas de Steve Wynn, o norte-americano que preside à Wynn Resorts, o executivo de Macau reafirmou, em comunicado, a intenção de regulamentar a gestão do jogo “com vista a fomentar o desenvolvimento ordenado da indústria”.

O objetivo do Governo de Macau é diversificar a economia, dependente, atualmente, do jogo, e tornar o território num “centro mundial de turismo e lazer”, ou seja, com componentes de atração de visitantes para além do jogo.

“A otimização da estrutura industrial do território, a promoção da diversificação adequada da economia, o controlo apropriado da dimensão do desenvolvimento do sector do jogo, constituem consenso na sociedade local” e “representam ainda a direção inalterável da governação” do Executivo de Macau, lê-se no comunicado hoje divulgado.

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Quanto aos pedidos para mesas de jogo em projetos em desenvolvimento pelas operadoras no território, o Executivo garante que não mudará o limite já definido para abertura de novas mesas e que a resposta a cada pedido levará em consideração fatores como o “desenvolvimento do mercado” e a adequação dos novos casinos e ‘resorts’ ao objetivo de construção do centro mundial de turismo e lazer em Macau.

Segundo o mesmo comunicado, o secretário para a Economia e Finanças do Governo de Macau, Leong Vai Tac, reuniu-se hoje com responsáveis da Wynn por causa destas questões e o Executivo “emitiu, há dias, instruções internas” às operadoras de jogo no território para desenvolverem as suas atividades “nos termos da lei, otimizando os planos de gestão, a fim de elevar a imagem das empresas e sua capacidade concorrencial”.

Na semana passada, Steve Wynn disse que em 45 anos de ligação ao negócio dos casinos, nunca viu nada como aquilo que está a acontecer em Macau, considerando “irracional” os limites introduzidos às mesas de jogo em novos ‘resorts’ e que as operadoras só saibam quantas mesas poderão criar poucas semanas antes de abrirem os novos casinos.

“Construímos dezenas de milhares de quartos, restaurantes e atrações, mas dizemos [às pessoas]: ‘vocês não podem jogar porque não há mesas’. Bem, essa é uma das razões por que elas vêm a Macau. Se quiserem minar e sabotar a viabilidade desta indústria, imponham limites às mesas. Sou muito crítico desta decisão, porque não a entendo de maneira nenhuma”, afirmou, sublinhando que tem 45 anos de experiência neste negócio e nunca viu uma situação semelhante.

Steve Wynn, citado pela agência Bloomberg, falava numa conferência telefónica com analistas, a partir dos Estados Unidos, no dia em que foram divulgados os resultados da empresa que lidera relativos ao terceiro trimestre do ano.

A Wynn Macau teve uma quebra homóloga de 37,9% das receitas líquidas no terceiro trimestre, para 585,1 milhões de dólares (514,4 milhões de euros). Já a operação em Las Vegas caiu 3,9%.

As receitas dos casinos de Macau, o maior centro de jogo do mundo, estão em queda desde junho de 2014, tendo registado em setembro o valor mais baixo dos últimos cinco anos.