A comissão executiva do Banif enviou uma mensagem às suas equipas comerciais a destacar a trajetória positiva do banco nos últimos anos, numa reação às referências de “natureza política” que levaram à forte desvalorização em bolsa. “Notícias recentes veiculadas pela comunicação social, em resultado de factos de natureza política, vieram colocar o Banif na agenda mediática, com o consequente aumento da pressão sobre a cotação das suas ações”, assinalou a equipa de gestão numa nota a que a agência Lusa teve acesso.

Em causa está a referência feita ao Banif no sábado pela ministra das Finanças em exercício, Maria Luís Albuquerque, num comunicado do PSD por si assinado. O referido comunicado foi feito em resposta à acusação lançada na sexta-feira pelo secretário-geral do PS, António Costa, na TVI24, de que o Governo cessante está a “omitir e a esconder do país dados sobre a situação efetiva e real” em que se encontra Portugal.

Numa “nota de atualização” divulgada no mesmo dia pelo PSD, é especificado que não foram “suscitadas quaisquer preocupações ou informações” sobre temas como “o processo de privatização da TAP ou a investigação aprofundada sobre o Banif” iniciada pela Direção-Geral da Concorrência da Comissão Europeia. “Neste contexto, cabe ao Banif, nomeadamente através da sua equipa de gestão e das suas equipas comerciais, assegurar a clarificação, junto de clientes, investidores e outros ‘stakeholders’, sobre a evolução e a atual trajetória do banco”, considerou a comissão executiva do banco, liderada por Jorge Tomé.

Apontando para “os desafios acrescidos colocados por um contexto económico francamente adverso”, a equipa de gestão destacou que “o Banif tem vindo a conseguir antecipar, em cerca de dois anos, a implementação do seu programa de reestruturação, cuja conclusão estava prevista para 2017, assim ajustando e refocando o seu modelo de negócio, racionalizando a sua estrutura e atingindo resultados operacionais cada vez mais positivos, como evidenciam as demonstrações financeiras que têm sido objeto de divulgação nos termos legais”.

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A redução em 60% dos custos operacionais, a redução “significativa” do custo de ‘funding’ (financiamento) de depósitos que, segundo o banco, “está entre os mais baixos do sistema bancário, o que torna o banco bastante competitivo nas operações de crédito e de financiamento à economia”, e o alinhamento dos rácios de liquidez no intervalo das melhores práticas do sistema bancário, com o rácio de transformação de crédito em depósitos situado nos 103%”, são alguns dos exemplos apresentados.

Mas há mais: “O Banif reduziu significativamente a exposição ao Estado Português, através da extinção de 1.175 milhões de euros de empréstimos com garantia pública e ainda com o reembolso de 275 milhões de euros de Obrigações de Capital Contingente (CoCo)”, tendo também baixado a sua exposição ao Banco Central Europeu (BCE) “em cerca de 2 mil milhões de euros” conseguindo manter os rácios de liquidez “entre os melhores do sistema”. Segundo a mensagem, há ainda a destacar que “o Banif registou uma melhoria significativa da atividade operacional e de exploração que se consubstanciou num resultado líquido positivo no montante de 16,1 milhões de euros, no 1.º semestre de 2015”.

No documento, a equipa de gestão vincou que “é também conhecido que fatores exógenos, designadamente perdas nos ativos imobiliários e a resolução do BES, que continuam a atingir de forma transversal o sistema financeiro português, comprometeram em tempo útil a satisfação de um dos objetivos deste processo de reestruturação: o pagamento da última tranche de Coco’s, no montante de 125 milhões de euros”.

E que “este facto tem contribuído de forma decisiva para o atraso na aprovação do Plano de Reestruturação por parte da Direção-Geral da Concorrência da Comissão Europeia”, frisou. “No entanto, os contactos mantidos com esta entidade pelo Estado Português, nos quais o Banco tem participado ativamente, têm sido positivos e permitido a apresentação de medidas tendentes à mencionada aprovação do Plano”, finalizou a comissão executiva do Banif.

Após as declarações políticas do fim de semana, nas sessões bolsistas de segunda e terça-feira o Banif acumulou uma desvalorização de 17%, estando agora cotado a um preço de 0,003 euros por ação.