João Ferreira, Inês Zuber e Miguel Viegas, eurodeputados do PCP, estiveram esta terça-feira a concentrar esforços para convencer os seus colegas no Parlamento Europeu a viabilizar uma proposta para incluir no orçamento comunitário uma alínea que permita a União Europeia financiar os Estados-membros que queiram iniciar o processo de saída do euro. É preciso 40 assinaturas para o assunto ser discutido no Parlamento e o prazo termina amanhã, mas esforços do PCP em Bruxelas acontecem precisamente no mesmo dia em que, em Lisboa, Catarina Martins e António Costa deixam claro que a esquerda, PCP incluído, está muito perto de um acordo para governar.

“Recuperar a soberania económica e monetária deve ser uma possibilidade de todos os Estados-membros e essa possibilidade deve ser apoiada pela União Europeia”, dizem.

Chamam-lhe “Programa de apoio a uma saída negociada do Euro” e o objetivo é que a proposta de alteração entre em Estrasburgo a tempo de ser discutida no plenário do Parlamento Europeu do próximo dia 28 de outubro, data em que vai ser votado o Orçamento comunitário. Para isso, os três eurodeputados comunistas precisam de 40 assinaturas – e o prazo termina amanhã à meia-noite, como sublinham na missiva que enviaram esta tarde a todos os eurodeputados portugueses dos restantes grupos parlamentares.

No pedido que enviaram aos eurodeputados, e a que o Observador teve acesso, os três parlamentares do PCP explicam que a ideia é “apoiar os Estados-membros que considerem que a sua permanência no euro se tenha tornado insustentável, prevendo para isso as compensações que sejam necessárias pelas perdas causadas no quadro das negociações para a saída da moeda única”. Na justificação, os eurodeputados comunistas dizem que as “assimetrias” entre os Estados-membros agravaram as divergências entre eles, levando à “deterioração da situação económica e social em alguns deles”.

Miguel Viegas, Inês Zuber e João Ferreira explicam ainda que as assinaturas são precisas até amanhã, pelo que pedem aos interessados que deem conta da sua intenção até ao final do dia – para que as assinaturas possam ser recolhidas junto dos seus gabinetes a tempo. A proposta de incluir no orçamento comunitário as duas alíneas relativas ao “programa de apoio a uma saída negociada do euro”, assim como a outra relativa ao “programa de apoio aos países intervencionados pela troika” já tinha sido discutida na comissão parlamentar competente a 16 de setembro, mas na altura foi chumbada e agora os comunistas fazem o último apelo para as duas questões puderem ser debatidas em plenário.

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