A defesa do ex-presidente do Banco Espírito Santo admitiu hoje contestar a alteração das medidas de coação de Ricardo Salgado que incluem o pagamento de uma caução de três milhões de euros para ficar em liberdade.

Em declarações à entrada para o julgamento do caso das Secretas, onde é advogado do presidente da Ongoing, Nuno Vasconcelos, Francisco Proença de Carvalho disse que Ricardo Salgado, a quem tinha sido decretada a prisão domiciliária, vai reagir muito em breve à decisão do juiz Carlos Alexandre de alterar esta medida de coação impondo o pagamento de três milhões de euros para que o ex-presidente do BES possa sair em liberdade.

O advogado acrescentou que a reação da defesa será conhecida muito em breve, depois de comunicada ao juiz.

Lembrou, a propósito, que está ainda pendente um recurso relativo às medidas de coação que tinham sido aplicadas a Ricardo Salgado e que os fundamentos desse pedido se mantêm válidos.

Na decisão divulgada ontem, a Procuradoria-geral da República explica que Ricardo Salgado poderá deixar de estar em prisão domiciliária se pagar a caução, mas fica sujeito “à proibição de contactos, designadamente com os restantes arguidos no processo, e à proibição de se ausentar para o estrangeiro”.

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Ricardo Salgado está em prisão domiciliária desde 24 de julho, no âmbito do processo “Universo Espírito Santo”.

A nota da PGR esclarece ainda que, “até ser proferido despacho que julgue válida a prestação de caução, o arguido permanecerá sujeito à obrigação de permanência na habitação”.

Além de Ricardo Salgado, que é também arguido num outro processo (Monte Branco) sobre branqueamento de capitais, foram ainda constituídos arguidos na investigação ao “Universo Espírito Santo” Isabel Almeida, ex-diretora diretora financeira do BES, que foi “braço direito” do antigo administrador Morais Pires, António Soares, ex-diretor do BES Vida, Pedro Luís Costa, ex-administrador do Espírito Santo Ativos Financeiros, José Castella, antigo responsável pela tesouraria do Gupo Espírito Santo, e Cláudia Boal de Faria, que pertenceu à área de vendas e estruturação do BES, responsável pela área da poupança do Novo Banco.

Em causa na investigação ao “Universo Espírito Santo”, que poderá contar futuramente com mais arguidos, estão suspeitas da prática de crimes de falsificação, falsificação informática, burla qualificada, abuso de confiança, fraude fiscal, corrupção no setor privado e branqueamento de capitais.