O que nos leva a sentir mais atraídos por uma cara do que por outra é uma pergunta que tem dado azo a vários estudos, e a própria noção de beleza já foi estudada, por exemplo, por Umberto Eco. As empresas de cosméticos enriqueceram à custa de nos fazerem acreditar que está tudo na aparência, mas uma nova investigação vem indicar que, afinal, a atração não está num rosto que se distingue por ser muito bonito, antes pelo contrário.

Apesar de uma aparência única já ter lançado várias celebridades para as luzes da ribalta, vários estudos têm vindo a mostrar repetidamente que, quando se fala de caras, as mais banais são as que ganham. Segundo o The Guardian, investigadores criaram caras artificiais num computador através da combinação de vários rostos de forma a chegarem a uma imagem “média”. Nos estudos preferenciais, estas “caras medianas” foram precisamente as que receberam mais votos como sendo mais atraentes. Quantas mais caras foram usadas para construir uma imagem-puzzle comum, mais atraente ela foi considerada.

Além da normalidade de feições, há outra característica que ajuda na atração. Nesse estudo, foi pedido a voluntários do sexo masculino e feminino que olhassem para uma série de rostos sorridentes e que avaliassem o grau de atração de cada um. Algumas caras foram vistas uma vez e outras foram vistas seis vezes — as que foram vistas mais vezes foram consideradas mais atraentes pela simples razão de que foram alvo de maior exposição. Se achava que a familiaridade gerava menosprezo, não podia estar mais enganado.

A importância da familiaridade

Esta tendência de formar uma impressão mais positiva à medida que alguma coisa se torna familiar é conhecida pelos psicólogos como “efeito de exposição” e aplica-se a variadas situações. Estudos concluíram que as pessoas avaliam fotografias, sons, formas, nomes e até palavras inventadas de forma mais positiva se já tiverem sido expostas a elas anteriormente.

PUB • CONTINUE A LER A SEGUIR

O efeito é tão comum que até afeta o Festival da Eurovisão. Um estudo recente mostrou que quando chega a hora de votar numa música para a Europa, os países ganham mais pontos se o júri estiver a ver e a ouvir as músicas pela segunda vez.

Pode achar que é superficial basear-se na aparência para definir a escolha de um parceiro. No entanto, a atração física tem sido considerada extremamente popular em estudos sobre relações. Por exemplo, um estudo recente sobre speed dating concluiu que os homens baseavam-se unicamente na atração física para escolher uma parceira. Já as mulheres, apesar de serem igualmente muito influenciadas pela aparência, também tinham em linha de conta a abertura, a confiança e a educação dos homens com quem falavam.

Embora todos estes estudos sugiram que a aparência é importante quando se fala em romance, não perca a esperança. Pode não ter uma cara “comum”, mas se aparecer constantemente à frente da pessoa que deseja conquistar, pode ser que seja mais um caso de “primeiro estranha-se, depois entranha”. Ou seja, aposte tudo no efeito de exposição.