O advogado de defesa de Ricardo Salgado afirma que o Banco de Portugal “deixou de ser uma entidade minimamente idónea” no que respeita ao caso Banco Espírito Santo (BES). Numa extensa entrevistaextensa entrevista ao Diário Económico, Francisco Proença de Carvalho faz muitas críticas à atuação do supervisor bancário durante o verão de 2014, altura em que se decidiu a medida de resolução do BES que deu origem ao Novo Banco.

Numa passagem da entrevista em que comentava a importância do segredo de justiça, o advogado elogiou o Ministério Público por mostrar “uma grande preocupação pelo cumprimento do segredo de justiça e de outras regras”. Questionado logo a seguir sobre o comportamento do Banco de Portugal (BdP), Proença de Carvalho é explícito: “No dia em que o senhor governador do BdP anunciou a resolução, fez logo o seu julgamento sumário, dizendo que tinham sido cometidas ilegalidades e que os responsáveis estavam encontrados.” Ora, na opinião do advogado, isto foi começar “pelo fim” e pôs em causa a independência do supervisor face ao caso:

Os deveres de imparcialidade e lealdade ficaram prejudicados e o BdP deixou de ser uma entidade minimamente idónea para julgar este assunto.

O comportamento do Banco de Portugal, afirma, acabou assim por ser semelhante ao dos jornais que já publicaram partes do processo que envolvem Ricardo Salgado e que estão em segredo de justiça. “Existem óbvias tentativas de condicionar a opinião pública, para que depois o processo seja mais facilmente aceite e facilitado o trabalho por parte de quem tem interesse em condenar sumariamente antes dos julgamentos”, diz.

Apesar de a perceção pública de Ricardo Salgado ter saído beliscada de todo o caso BES e GES, Proença de Carvalho afirma que o ex-banqueiro está sereno e tem sentido manifestações “de compreensão e de apreço por ele” até de clientes lesados.

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