Atualizado o estado do furacão, no dia 24 de outubro, às 1h30.

O furacão Patrícia, que evoluiu na quinta-feira para um nível “extremamente perigoso”, tornou-se esta sexta-feira de madrugada o mais forte de que há registo no hemisfério oeste (que inclui todo o continente americano) com ventos de 320 quilómetros por hora (km/h), segundo noticiou The Weather Channel. O furacão, cujo olho tem nove quilómetros de diâmetro, deslocava-se para norte a 19 km/h e com ventos de 325 km/h, com rajadas até os 400 km/h – à medida que se aproximou da costa mexicana perdeu força, atingindo os 165 km/h.

https://twitter.com/jnietocacho/status/657695102349869057

Vídeo publicado por um dos habitantes de Manzanillo mostra chuvas intensas e ventos fortes, antes mesmo que o furacão chegar a terra

Além disso, The Weather Channel informou também que o olho do furacão atingiu o valor mais baixo de pressão dos últimos 30 anos – 880 milibars –, uma medida importante para se avaliar a força do fenómeno. A baixa pressão, os ventos fortes e o diâmetro enorme são motivos suficientes para definir o estado de emergência em algumas localidades costeiras.

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O astronauta Scott Kelly, atualmente na Estação Espacial Internacional, fotografou o furacão Patrícia.

Escala de Saffir-Simpson

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A categoria 5 é o nível mais alto da escala para ventos superiores a 252 quilómetros por hora.

Previsão de destruição de telhados e paredes das casas, queda de árvores e de postes de eletricidade. As áreas residenciais podem ficar isoladas ou inabitáveis durante semanas ou meses. 

NHC/NOAA

Está previsto que este furação, que ainda se encontra ao largo do México, no oceano Pacífico, atinja o país sexta-feira ao fim do dia com a potência destruidora de um furacão de categoria 5 – o nível mais alto da escala de ventos Saffir-Simpson. Lembramos que já na quinta-feira o furacão tinha subido da categoria 2 para 4.

Às 10 horas (hora de Lisboa) o olho do furacão Patrícia encontrava-se a 235 quilómetros a sudoeste de Manzanillo, no México, e viajava em direção a norte-noroeste a uma velocidade de cerca de 20 km/h, mas prevê-se que vire para norte-nordeste durante a tarde (ou fim de tarde), conforme noticiou a CNN. Espera-se que atinja o estado de Jalisco durante a noite de sexta-feira (hora local). Na área do estado de Jalisco estão localizadas uma das mais populares estâncias de férias e a segunda maior cidade mexicana.

Com o furacão vêm não só os ventos fortes, mas também chuvas intensas e cheias e também o impacto da força das ondas nas localidades costeiras – as ondas podem ter entre seis e 10 metros de altura, segundo o responsável pela pasta das Comunicações e Transportes, Gerardo Ruiz Esparza, que dirige a ação em Jalisco. Além de Jalisco, os estados de Colima e Nayarit também poderão sentir os efeitos deste potente furacão. Estes três estados declararam estado de emergência, segundo a BBC.

Os ventos do furacão são tão fortes que podem levantar um avião no ar e mantê-lo por lá, conforme disse a porta-voz da Organização Mundial de Meteorologia, Claire, Nullis, citada pela BBC.

As populações nas zonas costeiras já começaram a ser evacuadas pelas autoridades mexicanas – 50 mil habitantes e turistas, segundo o coordenador nacional da Proteção Civil, Luis Filipe Puente, citado pela agência Lusa. Segundo fundo nacional mexicano para este tipo de catástrofes – Mexico’s National Disaster Fund –, citado pela BBC, há 400 mil pessoas a viver nas zonas vulneráveis.

Contactada pela agência Lusa, a embaixada de Portugal no México esclareceu que a comunidade portuguesa que possa vir a ser afetada pela passagem do furacão já se encontra alertada. A embaixada referiu também que, até ao momento, não foi informada sobre a presença de turistas em Jalisco, o primeiro Estado mexicano a ser atingido pelo furacão.

https://twitter.com/tempoclimaPUCMG/status/657678920947539969

As autoridades destacaram quatro mil fuzileiros para os três estados, 5.900 membros do Exército e cerca de 500 polícias federais, disse, em conferência de imprensa, o diretor-geral para a gestão de crises da Coordenação Nacional de Proteção Civil, José María Tapia, referiu a Lusa.

5 fotos

As escolas e os aeroportos estão fechados, os comerciantes estão a tentar proteger os estabelecimentos da entempérie como podem e as pessoas estão a tentar abastecer-se de mantimentos básicos.

A Organização Mundial de Meteorologia, citada pela BBC, diz que o furacão Patrícia é comparável ao tufão Haiyan que atingiu as Filipinas em 2013 e matou 6.300 pessoas. E, pela imagem em baixo, dá para perceber que nem se compara ao furacão Katrina.

As tempestades tropicais e posteriores os furacões que lhes sucedem dependem da temperatura da água dos oceanos. Quando mais elevada a temperatura da água, maior a evaporação, logo mais fortes serão os ventos verticais que acabam por alimentar o furacão.

Ora, as águas oceânicas ao largo do México estão mais quentes do que o normal, noticia a CNN. O que pode justificar a força deste furacão. E uma possível justificação para este aumento anormal da temperatura das águas é o fenómeno climático El Niño, que se iniciou em março deste ano, e que está entre os mais fortes desde 1950. Nos anos do El Niño as correntes atmosféricas mudam, por exemplo os ventos que correm mais frequentemente de este para oeste, empurrando as águas superficiais mais quentes em direção à Indonésia, abrandam e as águas superficiais ao largo do Peru ficam mais quentes.

Já em agosto, o  Centro de Previsão do Clima (CPC) da agência norte-americana que vigia as condições da atmosfera e oceanos (NOAA, National Oceanic and Atmospheric Administration) previa: “O El Niño vai provavelmente contribuir para uma temporada de furacões na costa Atlântica abaixo do normal e uma temporada de tornados acima do normal tanto na bacia central com na bacia oriental do Pacífico”.

Vídeo registado na Estação Espacial Internacional, divulgado pela NASA.