A porta-voz do Bloco de Esquerda, Catarina Martins, afirmou neste sábado que o Presidente da República “vai ter que viver” com uma solução que respeite a democracia, referindo que Cavaco Silva lançou o país “na mais completa instabilidade”.

“O Presidente da República não se limitou a indigitar Pedro Passos Coelho para formar governo, decidiu lançar o país na mais completa instabilidade. Diz que há partidos em que as pessoas votaram, mas que a opinião não pode valer. Só pode haver a democracia que o Presidente da República acha confortável”, disse. Catarina Martins, que esteve hoje presente numa ação no Seixal, distrito de Setúbal, defendeu que Cavaco Silva fez um discurso que “nenhum democrata pode aceitar”.

“O Presidente da República isolou-se dos milhões em Portugal que, da esquerda à direita, acreditam na democracia. Por isso, quer queira, quer não queira, vai ter de viver com uma solução de governo que respeite isso mesmo, a democracia, e é para isso que estamos a trabalhar”, afirmou.

A porta-voz do BE referiu que a rejeição de um governo é um sinal que existe uma alternativa. “No momento em que BE, PS e PCP rejeitarem um governo de minoria de direita, estão a dar um sinal ao país que existe uma alternativa de convergência para quebrar o ciclo de empobrecimento. Uma moção de rejeição é mais que isso, é também o momento de se afirmar que existe capacidade de fazer a convergência necessária para responder à emergência do país”, frisou.

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Catarina Martins disse que a convergência entre as três forças políticas de esquerda – PS, BE e PCP – não significa que os partidos são iguais e que abandonam os seus programas, garantindo que o BE vai manter “toda a sua identidade”.

“Não quer dizer que ficámos três partidos iguais. Mas face ao ciclo de empobrecimento que o país vive e à possibilidade que a relação de forças saída das eleições nos traz, existe a possibilidade de convergência para travar o ciclo de empobrecimento”, disse, mostrando-se confiante que as forças vão conseguir chegar a um acordo.

Catarina Martins referiu que nas conversas entre os partidos têm estado em debate questões como garantir que nenhum rendimento fica congelado, as privatizações ou a proteção do Estado social, garantindo que não se têm discutido “lugares de governo”.

A porta-voz do BE acrescentou que o PSD e CDS avançaram coligados e que perderam a maioria, considerando que é preciso que existam condições de estabilidade.

“A política não é como um campeonato de futebol em que ganha um e depois começa outra vez. Depois das eleições formam-se governos e para isso é preciso existir condições de estabilidade. Não lhes chegam dizer que foram a candidatura mais votada se não tiverem um partido para lhes dar a mão para governar”, salientou.