O porta-voz da UNITA considera que a prisão de ativistas angolanos revela a “intolerância política” do Governo de José Eduardo dos Santos, que “traiu” os ideais dos três movimentos que lutaram pela independência.

“Após 40 anos de independência (11 de novembro de 1975), continua-se a trair os grandes ideais dos três movimentos que lutaram por essa grande conquista (além da UNITA, o Movimento Popular de Libertação de Angola (MPLA) e a Frente Nacional de Libertação de Angola (FNLA))”, acusa Alcides Sakala, porta-voz da União Nacional para a Independência Total de Angola (UNITA, oposição).

Em declarações à Lusa, em Lisboa, o dirigente criticou também o regime “ditatorial” angolano, em particular no caso dos 15 ativistas detidos em junho último, entre eles o rapper luso-angolano Luaty Beirão, acusados de subversão.

Em trânsito em Lisboa, após representar a UNITA no Congresso do Partido Popular Europeu (PPE), que decorreu em Madrid a 21 e 22 deste mês, Sakala defendeu que a “ditadura” do regime de Eduardo dos Santos “continua insensível”, numa altura em que se aproxima o “fim do ciclo” de poder do MPLA, com as eleições de 2017.

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“É uma direção insensível, que viola os direitos humanos”, afirmou o também secretário para as Relações Internacionais da UNITA, garantindo que o partido está a preparar-se para as eleições gerais e que tudo fará para que a transição em Angola vá “ao encontro da democracia participativa”.

Questionado sobre a possibilidade de Eduardo dos Santos, no poder desde o final da década de 1970, se recandidatar, Alcides Sakala afirmou ser “ainda cedo” para avaliar a hipótese, indicando que caberá ao MPLA decidir.

“Mas, seja como for, José Eduardo dos Santos vai fechar um ciclo como ditador. Não soube dialogar (com os partidos e com a sociedade civil)”, sustentou o ainda presidente da Comissão Eleitoral do 12.º Congresso da UNITA, marcado para 3 a 5 de dezembro, em Luanda.

Nessa qualidade, e sobre as eleições no partido, Alcides Sakala destacou que as três candidaturas previstas – Isaías Samakuva (que se candidata a um quarto mandato), Paulo Lukamba “Gato” e Abílio Kamalata Numa (que ainda só manifestou intenção) -, demonstram a “vitalidade” da UNITA, que em 2016 celebra 50 anos (fundada em 1966).

“Os três mostram a vitalidade de um grande partido e constituem também uma forma de honrar Jonas Savimbi”, fundador e líder incontestado da UNITA morto em combate em 2002, na véspera de o partido comemorar 50 anos, justificou, afirmando desconhecer se, até domingo, último dia para entregar candidaturas, serão apresentados mais nomes à votação.