Um projeto de investigação da Universidade de Coimbra que analisou a saúde da população portuguesa entre 1991 e 2011 concluiu que a saúde melhorou em 98% dos municípios nos 20 anos analisados.

A equipa do projeto GeoHealthS, que desenvolveu um Índice de Saúde da População que avalia o valor global de saúde entre 1991 e 2011 nos 278 municípios de Portugal Continental, concluiu que a saúde da população evoluiu positivamente em cerca de 98% dos municípios portugueses, nos 20 anos analisados.

Apesar da evolução, o estudo a que a agência Lusa teve acesso constata que mais de metade dos concelhos posiciona-se abaixo do valor global de saúde de referência em 2011.

Como contributo positivo para a evolução positiva do valor global de saúde, destacam-se o aumento da esperança de vida aos 65 anos, a diminuição das mortes evitáveis (sensíveis à prevenção primária, promoção da saúde, cuidados de saúde e pobreza), os ganhos no acesso aos cuidados de saúde e farmacêuticos, aumento da cobertura de sistemas de água e de saneamento, melhorias na habitação, aumento da população com ensino superior e diminuição do abandono escolar, entre outros fatores.

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As assimetrias entre municípios também diminuíram ao longo dos 20 anos analisados, mas continuam “a verificar-se desigualdades geográficas”, maioritariamente relacionadas com densidade populacional e dinâmicas urbanas, com os municípios de baixa densidade, mais envelhecidos e predominantemente rurais a registarem os piores valores.

Segundo o estudo, há uma tendência de evolução negativa em 31% dos municípios entre 2001 e 2011, que está associado a determinantes em saúde, nomeadamente a fatores económicos e sociais.

Amadora e Porto entre os municípios com piores resultados

Amadora e Porto estão entre os municípios com piores valores globais de saúde, conclui o projeto de investigação. As duas cidades estão no lote de 10% de municípios com piores valores globais de saúde em 2011, grupo constituído maioritariamente por concelhos rurais e com baixa densidade populacional, conclui a equipa do projeto GeoHealthS, coordenado pelo Centro de Estudos em Geografia e Ordenamento do Território da Universidade de Coimbra (CEGOTUC).

Alcoutim, Alvaiázere, Baião, Cinfães, Idanha-a-Nova, Moura, Odemira, Pampilhosa da Serra ou Carrazeda de Ansiães são alguns dos exemplos de municípios com piores resultados.

Já na lista dos municípios com melhores valores globais estão presentes maioritariamente municípios de densidade média e de tipologia “mediamente urbana e predominantemente urbana” na faixa litoral do país, como Coimbra, Caldas da Rainha, Felgueiras, Maia, Entroncamento ou Guimarães.

De acordo com a equipa de investigação, coordenada pela investigadora do Grupo de Investigação em Geografia da Saúde da Universidade de Coimbra Paula Santana, as potenciais áreas de intervenção prioritária serão a morbilidade nos municípios na faixa litoral, a mortalidade em áreas rurais e periféricas do país, bem como a dimensão económica e social e o ambiente físico.

“Os problemas em saúde [frequência e severidade] não estão distribuídos de forma uniforme nem pela população nem pelo território”, alerta a equipa, considerando que “as consequências práticas de como o território se organiza e a capacidade de resposta dos municípios para a resolução dos problemas sociais, económicos e ambientais devem ser tomadas em linha de conta quando se observa a saúde da população”.

O Índice de Saúde da População (INES), desenvolvido no âmbito do projeto GeoHealthS, é uma medida que agrega resultados em saúde e determinantes em saúde, contando com 43 critérios de avaliação de saúde da população.

O Índice (disponível para consulta em saudemunicipio.uc.pt) avaliou o valor global de saúde entre 1991 e 2011, à escala do município. O projeto GeoHealthS, coordenado pelo Centro de Estudos em Geografia e Ordenamento do Território da Universidade de Coimbra (CEGOTUC), contou com a participação de 16 entidades da administração central, regional e do ensino superior e foi financiado pela Fundação para a Ciência e Tecnologia.