A Volkswagen informou o mercado de que fechou o terceiro trimestre com um prejuízo de 3,48 mil milhões de euros, que compara com os lucros quase simétricos – de 3,23 mil milhões – obtidos no mesmo período do ano passado. O prejuízo, o primeiro do grupo em pelo menos 15 anos, é um resultado direto da provisão multimilionária que a Volkswagen colocou de parte para recuperar do escândalo das emissões poluentes. Pior: ao mesmo tempo que apresentou os resultados do terceiro trimestre, a Volkswagen reconheceu que os lucros anuais vão cair “de forma significativa“.

O prejuízo trimestral da Volkswagen superou as estimativas dos analistas mais pessimistas, que apontavam para perdas de 3,26 mil milhões. Os números incluem o impacto do “custo especial” assumido pela Volkswagen, de 6,7 mil milhões. Um valor que, como já admitiu Matthias Mueller, o novo presidente executivo, não será suficiente para cobrir todos os custos associados à retificação dos 11 milhões de carros em todo o mundo cujos motores foram equipados com o chamado kit fraudulento que mascara as quantidades de emissões poluentes quando o carro está a ser testado em laboratório.

Preocupante também é que, mesmo excluindo o impacto da provisão, os resultados antes de itens especiais caíram para 3,206 mil milhões (lucros), o que ficou abaixo dos 3,23 mil milhões do terceiro trimestre de 2014. Ou seja, apesar de o escândalo só ter estoirado em meados de setembro, mês em que terminou o trimestre em questão, estará a notar-se já uma deterioração da situação operacional do grupo.

Em termos de unidades, as vendas do grupo foram de 7,43 milhões de veículos entre janeiro e setembro, uma descida de 1,5% face a igual período de 2014.

“O Grupo Volkswagen antecipa que as entregas a clientes em 2015 continuem num nível estável em relação ao ano anterior, devido a um enquadramento de mercado difícil”, afirmou o grupo, pouco confiante em relação à capacidade de registar um aumento das vendas quando divulgar os resultados anuais.

Além disso, o grupo afirma que “devido aos custos relacionados com as irregularidades no software usado em alguns motores diesel, antecipamos que os lucros operacionais em 2015 tanto no grupo como na divisão de veículos de passageiros caiam de forma significativa na comparação homóloga”.

O presidente-executivo, Matthias Mueller, termina o comunicado dos resultados dizendo que “os números [hoje divulgados] demonstram a robustez subjacente do grupo Volkswagen, por um lado, e por outro o impacto inicial da situação atual, que está a tornar-se claro”. “Faremos tudo o que pudermos para reconquistar a confiança que perdemos”.

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