A Autoridade Nacional de Fiscalização Económica do Chile denunciou um dos maiores escândalos de negócios, agora conhecido como o “Cartel da Confort”. Os protagonistas do escândalo são as empresas SCA e CMPC que acordaram ilegalmente subir e fixar preços para o papel higiénico, guardanapos, rolos e lenços de papel das marcas Confort, Elite, Nova, Favorita e Magiklin, revela a BBC.

A BBC explica que, quando em 2000, uma nova marca foi introduzida no mercado chileno, a Acuenta (pertencente à Walmart), a guerra dos preços aumentou e as empresas CMPC e SCA (antiga PISA) que detinham cerca de 90% de participação no mercado decidiram iniciar a formação de um cartel que operou desde 2000 a 2011 e cujo lucro é estimado em mais de 400 milhões de dólares (mais de 365 milhões de euros).

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As empresas utilizavam vários métodos insólitos no “Cartel da Confort”. Os executivos utilizavam telemóveis pré-pagos e criaram contas de email no gmail e hotmail sob diferentes pseudónimos, que indignaram os chilenos. As redes sociais foram inundadas de comentários e críticas a este escândalo. “A nossa democracia é de papel” ou “Nem podemos estar tranquilos na casa de banho” são dois dos muitos comentários feitos ao caso.

https://twitter.com/chrischile/status/659511371936210944?ref_src=twsrc%5Etfw

Os crimes começaram a ser investigados em dezembro de 2014. A CMPC, pertencente ao Grupo Matte — um dos maiores conglomerados empresariais chilenos e uma das maiores e mais antigas empresas a ter negócios em vários países do mundo como Argentina, Brasil, Colômbia, México, Perú e Uruguai — não vai pagar nenhuma multa, por ter invocado o sistema de “clemência”, ativado quando a empresa acusada se autodenuncia, em troca de uma redução ou isenção de multa. A CMPC foi primeira a denunciar o conluio em março de 2015 e não ficou obrigada ao pagamento de multa.

Por sua vez a SCA, que durante o cartel operou com o nome antigo PISA e foi representada por Gabriel Ruiz Tagle, ministro durante o governo de Sebastián Piñera, até 2012, foi multada em 15,5 milhões dólares (mais de 13 milhões de euros). A lei chilena previa uma pena de prisão para este crime até 2003, ano em que essa pena foi revogada e substituída por multas.

A presidente do Chile, Michelle Bachelet já veio condenar o caso. ” O conluio é uma forma de abuso que prejudica as pessoas, a economia e sobretudo a confiança e a imagem do nosso país”, afirmou, relembrando que o governo pretende levar um projeto de lei ao parlamento que castigue a atividade ilícita e aumente as multas. 

O diretor nacional dos Serviços do Consumidor, Ernesto Muñoz, considera que os consumidores também têm o direito de ser compensados.