O presidente dos Estados Unidos da América, Barack Obama, autorizou esta sexta-feira um destacamento de 50 agentes das forças especiais norte-americanas que se vão juntar aos rebeldes moderados no combate ao Estado Islâmico.
A notícia está a ser avançada por vários órgãos de comunicação internacionais que citam fontes autorizadas da Casa Branca. A decisão de enviar tropas para o terreno parece contrariar a promessa de Barack Obama de não enviar militares para o território sírio e iraquiano, como lembra o jornal Guardian. Os Estados Unidos têm ajudado a travar a ofensiva do Estado Islâmico liderando e organizando uma coligação internacional que tem bombardeado vários pontos estratégicos da organização terrorista.
Segundo fontes do Exército norte-americano, citadas pela agência Reuters, esta decisão faz parte de um plano mais vasto: o objetivo de Obama é dar força aos rebeldes moderados na Síria que têm combatido o Estado Islâmico, ao mesmo tempo que procura, no plano diplomático, sanar a Guerra Civil que já vitimou 200 mil pessoas.
Além disso, e não será coincidência, a decisão dos Estados Unidos vem depois de a Rússia ter intensificado o seu papel militar na Síria em setembro, para apoiar o Presidente sírio. A Rússia tem atingido vários pontos estratégicos da organização terrorista do Estado Islâmico, mas os raides aéreos russos tem atingido posições dos outros grupos rebeldes que, desde a Primavera Árabe, têm tentado derrubar Assad, como lembra a Reuters. É também neste difícil tabuleiro geoestratégico que se está a jogar.
Ainda assim, as forças especiais norte-americanas não vão estar na linha da frente da batalha. Ao Guardian, fontes do Casa Branca sublinharam que os militares dos Estados Unidos vão coordenar apenas as forças que já estão no terreno e todos os outros “esforços da coligação internacional”.
No entanto, e de acordo com a CNN, aqui citada pelo Público, os militares norte-americanos poderão assumir um papel mais ativo no confronto, mediante autorização especial de Washington, em casos específicos: estão autorizados a devolver fogo, em caso de ataque, e podem integrar raides com as forças sírias e curdas.
“O nosso principal objetivo de enfraquecer e destruir o Estado Islâmico não mudou. Temos sido sempre claros ao dizer que esta seria uma campanha de vários anos“, lembrou uma alto funcionário do Governo norte-americano, citado pela publicação britânica.
Ainda segundo o mesmo jornal, o Pentágono estará também em conversações com o primeiro-ministro iraquiano, Haider al-Abadi, para criar uma equipa de operações especiais, com um número indeterminado de militares norte-americanos, com o objetivo de melhorar o combate ao Estado Islâmico em toda a fronteira síria e no Iraque.
Além destas duas frentes, os Estados Unidos vão também reforçar a assistência militar na Jordânia e no Líbano, para ajudar os respetivos governos a travarem a ameaça do Estado Islâmico. Para já, o Presidente norte-americano autorizou a mobilização de vários caças A-10 e F-15, para a base de Incirlik, na Turquia.
Em setembro de 2013, Barack Obama deixou a garantia de que o seu Executivo não “ia pôr ‘botas’ americanas na Síria”. “Eu não vou prosseguir uma ação de duração indeterminada, como aconteceu no Iraque e no Afeganistão”, disse mesmo na altura.