Os juros da dívida de Portugal estão nesta terça-feira a aliviar um pouco face à subida de segunda-feira, com a taxa a 10 anos a cair 4 pontos depois de ter subido 6 pontos no primeiro dia da semana. Por se antecipar um reforço dos estímulos monetários pelo Banco Central Europeu, os juros estão, também, a descer em Espanha e Itália, bem como na Alemanha. O indicador mais preocupante para Portugal, porém, é que o risco medido pela diferença entre os juros portugueses e os alemães está acima dos 200 pontos base, um máximo desde agosto.

A diferença entre os juros portugueses e a referência sem risco da dívida alemã caiu para pouco mais de 170 pontos base no dia seguinte às eleições, quando analistas, investidores e agências de rating não previam o impasse político que viria a criar-se. Desde então, esse indicador mais rigoroso do risco da dívida portuguesa dilatou-se para mais de 200 pontos base neste início de semana.

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É para este indicador que os analistas estão a olhar, bem como para a diferença entre Portugal e Espanha (que duplicou em dois meses). No que diz respeito às taxas absolutas, estas estavam em 2,3% a 10 anos no início de outubro e negoceiam nesta terça-feira nos 2,6% no mesmo prazo de referência, segundo a Bloomberg.

Dentro de 10 dias, a agência de rating canadiana DBRS irá pronunciar-se sobre a notação de risco de Portugal. Esta é a única agência que classifica a dívida portuguesa acima de lixo, o que viabiliza o financiamento dos bancos portugueses que usam obrigações do Tesouro português para obter liquidez no Banco Central Europeu.

A analista responsável pelo acompanhamento da situação portuguesa falou na semana passada com o Observador e mostrou que partilha os principais receios manifestados pelos bancos de investimento. Adriana Alvarado deixou um aviso claro a Portugal dizendo que receia que esteja prestes a tomar o poder no país uma aliança “instável” e “imprevista” entre o Partido Socialista e os partidos à esquerda. O rating “pode ficar sob pressão caso exista um enfraquecimento inesperado do compromisso político” quanto ao equilíbrio das contas públicas, avisou a DBRS.

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