O Santander Totta fechou os primeiros nove meses do ano com um lucro de 176,7 milhões de euros, o que representa uma subida de 48,7% face a igual período do ano passado. António Vieira Monteiro admite que o Santander Totta poderá “ir a jogo” numa próxima tentativa de venda do Novo Banco.

A informação foi divulgada pelo banco em comunicado ao regulador do mercado português, a CMVM. O Santander Totta promoveu a habitual conferência de imprensa de apresentação de resultados, em Lisboa.

O banco salienta que o crédito às empresas cresceu 5,9% face ao mesmo período do ano passado e 3,8% face ao trimestre anterior. Já a concessão de crédito a particulares caiu, com o “stock” total a baixar 2% face ao final de setembro de 2014.

O presidente do Santander diz que “é natural” que, além do crescimento da economia, o banco esteja a beneficiar da conquista de clientes a outros bancos, nomeadamente o Novo Banco – que mesmo antes da sua formação tinha uma presença forte no mercado de crédito às empresas.

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Tal como outros bancos do sistema, o Santander Totta beneficiou de uma subida da margem financeira – de 3,3% – e um aumento de 7,1% do produto bancário.

O Santander Totta obteve, também, 110,2 milhões em resultados com operações financeiras. O banco salienta, aqui, que boa parte deste efeito diz respeito uma reclassificação contabilística em instrumentos derivados. Expurgando esse efeito, diz o Santander, os lucros em operações financeiras – grosso modo, venda de títulos de dívida pública – ficaram na casa dos 30 milhões de euros.

Na conferência de imprensa de apresentação dos resultados, António Vieira Monteiro salienta “a sólida posição de capital, obtida graças aos resultados recorrentes do banco, sem aumentos de capital nem ajudas do Estado”. O rácio de capital de primeira qualidade está nos 15,7%.

“Poderemos ir a jogo” no Novo Banco

António Vieira Monteiro juntou-se às palavras de Nuno Amado, presidente do BCP, sobre um eventual aumento de capital do Novo Banco. “Nós pensamos também que não deverá haver aumento de capital. Aliás, o que está acordado (com a Europa) é que não é permitido haver aumento de capital por parte do Fundo de Resolução ou do Estado. “Se vai haver alguma alteração ou não, há que perguntar a quem de direito. O que achamos é que o banco tem de se reestruturar“, atirou António Vieira Monteiro.

Quanto à possibilidade, admitida pelo presidente executivo do Santander espanhol, de o banco voltar à corrida pelo Novo Banco, eis o que disse António Vieira Monteiro: “Somos uma grande instituição de crédito e, por tal, estamos atentos ao que se passa à nossa volta. Poderemos ir a jogo se estiver em linha com a nossa política, se não estiver não iremos a jogo”.

Vieira Monteiro salientou, contudo, que na primeira fase o Santander foi “até uma determinada distância” mas constatou que números que tinham em mente não iam ao encontro do idealizado pelo Fundo de Resolução.

O presidente do Santander Totta comentou, ainda, o impasse político. “Do ponto de vista do Grupo Santander, há plena confiança em Portugal e quanto ao futuro do país. Há dois grandes partidos em Portugal, que representam 80% do eleitorado, e que apoiam o respeito pelos compromissos internacionais”.

Sem querer comentar uma possível aliança à esquerda, Vieira Monteiro diz que “o que é preciso é estabilidade política para o país continuar a crescer“.