Preocupados com a incerteza política e a possibilidade de um governo que seja contra a iniciativa privada, um grupo de mais cem empresários assina um manifesto

A iniciativa é da Associação das Empresas Familiares (AEF) liderada por Peter Villax da farmacêutica Hovione. Entre os nomes que subscrevem o manifesto estão Vasco de Mello (grupo José de Mello), Pedro Teixeira Duarte (Teixeira Duarte), João Pereira Coutinho (Grupo SGC), Alexandre Relvas (Logoplaste), Manuel Champalimaud e José Luis Simões (Transportes Luís Simões).

Em declarações ao Expresso, Peter Villax adianta que a principal preocupação destes empresários reside no “facto de dois dos partidos que podem formar um novo governo ou maioria parlamentar serem declaradamente anti-iniciativa privada”, o que qualifica de “altamente preocupante”. É uma referência às negociações conduzidas pelos socialistas com o Partido Comunista e o Bloco de Esquerda para criar uma alternativa de governo à coligação, cujo programa deverá ser chumbado. 

O presidente da AEF revela que há “empresários parados, sem definir orçamentos, planos de contratação ou de investimentos das suas empresas para 2016, porque não sabem as linhas com que se cosem”. Uma das incertezas que está a condicionar as decisões dos empresários são as alterações à TSU (taxa social única). O programa socialista defendia a redução da TSU e tem estado em negociação entre o PS e os partidos à esquerda. 

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O manifesto foi lançado com a data de 3 novembro, tendo sido disponibilizado ontem à noite. Entretanto, o Bloco de Esquerda anunciou que a sua comissão política tinha dado luz verde a um acordo que conclui as negociações com socialistas para o apoio a um governo liderado por António Costa. Com o PCP, o processo negocial continua. 

Os subscritores lembram os “esforços penosos dos últimos quatro anos” que, na sua opinião, estabeleceram as bases para o crescimento económico. E avisam que a recuperação económica “pode esta em causa pela incerteza que Portugal atravessa”. Deixam ainda o alerta de que a desconfiança no futuro compromete planos empresariais que envolvam assumir riscos em investimento ou na criação de empregos. 

Os membros da AEF são presidentes e administradores de empresas familiares, das quais são também os proprietários.