A Polícia Judiciária (PJ) está a investigar o desvio de doentes de hospitais privados para o Hospital de Santa Maria, em Lisboa, avança o Público. A investigação está relacionada com possíveis crimes de corrupção ligados ao negócio da compra de endo-próteses vasculares no hospital, que levaram a PJ a realizar buscas na sexta-feira no gabinete do diretor do serviço de cirurgia cardiovascular do hospital público, José Fernandes e Fernandes. 

De acordo com o jornal, vários doentes terão sido transferidos, sem qualquer justificação legal, para o Santa Maria, onde terão recebido tratamentos médicos. Apesar disso, os utentes terão continuado a pagar os atos médicos às unidades privadas, que viram assim reduzidos os custos com as cirurgias e próteses. O desvio terá lesado o Estado em vários milhares de euros. 

Uma das entidades na mira dos investigadores é o Instituto Cardiovascular de Lisboa, dirigido por José Fernandes e Fernandes, que foi constituído arguido por suspeita de corrupção, falsificação de documentos e burla na compra de próteses no Hospital de Santa Maria.

Em comunicado, enviado na terça-feira às redações, Fernandes Fernandes já tinha dito que “está sempre disponível para colaborar com todas as ações a que seja chamado por parte de autoridades responsáveis” e garantiu que “todos e quaisquer atos praticados no âmbito das suas funções enquanto diretor do Serviço de Cirurgia Vascular do CHLN-HSM seguiram, e seguem sempre, e escrupulosamente, os procedimentos conhecidos, estabelecidos, documentados e autorizados pela Administração do CHLN-HSM”.  

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O diretor do serviço de cirurgia cardiovascular do hospital de Santa Maria frisou ainda que “não tem qualquer poder de decisão ou influência sobre as condições de fornecimento acordadas com quaisquer entidades que forneçam equipamentos, ou quaisquer outros bens ou serviços, ao CHLN-HSM”. O médico rematou dizendo que “em mais de 40 anos de prática, nunca como hoje viu o seu bom nome e honorabilidade atacados por meio de denúncias cobardes e anónimas que apenas e só visam descredibilizar a instituição CHLN-HSM, bem como a Faculdade de Medicina, todos os profissionais que integram estas instituições e desacreditar o trabalho desenvolvido no Serviço de Cirurgia Vascular do CHLN-HSM”.

Esta investigação surge depois de um estudo da Fundação Francisco Manuel dos Santos que aponta para a existência de uma teia de interesses e lealdades a partidos políticos, à Maçonaria e a organizações católicas no Hospital de Santa Maria. Depois da publicação do estudo, em maio, a Inspeção-Geral das Atividades em Saúde (IGAS) decidiu abrir um processo para averiguar a polémica sobre a corrupção no Santa Maria.

[Notícia atualizada às 16h30 com os esclarecimentos do médico José Fernandes Fernandes]