Os trabalhadores da fábrica de refrigerantes da Unicer em Santarém decidiram fazer uma hora de greve por turno entre 26 e 30 de novembro, podendo endurecer as formas de luta se a empresa não recuar na decisão de encerrar esta unidade.

A medida foi anunciada no final de um plenário, à porta da fábrica, onde os trabalhadores se concentraram com letreiros dando conta de que estão “em luta contra o encerramento” e reafirmaram a exigência da manutenção dos postos de trabalho para que possam ter “uma vida digna” e os “filhos na escola”.

Numa moção, aprovada por unanimidade, lamentam a “inexistência de resposta” por parte da administração ao texto saído do último plenário em que mostravam “abertura para que, em conjunto, se encontrassem ações de reestruturação e poupança alternativas ao fecho da fábrica de Santarém e ao despedimento” dos seus 70 trabalhadores.

Os trabalhadores mandataram os sindicatos para o agendamento de outras formas de luta “que mostrem à administração da Unicer o reforço do repúdio pelas decisões anunciadas a 08 de outubro e pelo modo como a sua execução tem vindo a ser posta em prática”.

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Essas medidas poderão passar pelo pedido de audiência na embaixada da Dinamarca em Lisboa e com o Ministério da Economia, acompanhadas por manifestações dos trabalhadores.

O presidente da União dos Sindicatos de Santarém, Rui Aldeano, pediu aos trabalhadores que se mantenham determinados na luta e na exigência de uma justificação do que leva uma empresa com 30 milhões de euros de lucros e que recebeu 7,5 milhões de euros de ajudas dos impostos dos portugueses a querer despedir.

“Pensavam que estavam a brincar connosco como em 2013 (quando encerrou a cervejeira em Santarém) e que nos iam dividir com a oferta de 6.000 euros e 500 euros de salário na Drink In (atual Font Salem, que alegadamente passará a assegurar a produção de refrigerantes para a Unicer), mas não sabem para onde se viraram. Estamos unidos nesta batalha. Vamos ver quem ganha”, afirmou.

Carlos Pimenta, com 48 anos, há 27 a trabalhar na fábrica, disse à Lusa que sabe que não vai arranjar trabalho, pelo que, “até ao último minuto”, mantém a esperança em que a fábrica se mantenha aberta.

“Não há outra hipótese”, disse, adiantando não compreender a decisão de encerrar uma unidade que continua a produzir sumos “de grande qualidade” e a fornecer o mercado e de entregar a produção a um concorrente.

Segundo disse, foi abordado no sentido de saber se estaria disponível para integrar o grupo de 25 trabalhadores que poderão ir para a outra unidade, mas, não tem “vontade de escolher” essa possibilidade, porque quer aberta a fábrica onde “cresceu”.

Uma assessora da Unicer entregou aos jornalistas o mesmo comunicado que a empresa tem vindo a distribuir desde os primeiros protestos, no qual declara manter uma postura de diálogo com os trabalhadores e as organizações que os representam e o seu empenho em “minimizar o impacto das medidas anunciadas” junto dos 140 trabalhadores afetados no processo (70 em Santarém e 70 da estrutura central e de apoio ao negócio).

A empresa reafirma a necessidade de reajuste da sua estrutura pela retração dos mercados, nomeadamente o angolano, e para garantir a sua sustentabilidade.

Os trabalhadores da Unicer de Matosinhos também já tinham decidido esta quarta-feira, em plenário, avançar para uma greve de uma hora em cada turno como forma de protesto contra o encerramento da fábrica de Santarém e o despedimento de mais de 100 funcionários.