Histórico de atualizações
  • E pronto, agora é que é. Estivemos a acompanhar o 1-0 tardio com que o Sporting saiu vivo de Arouca e se tornou apenas na segunda equipa a derrotar os jogadores treinados por Lito Vidigal. Os leões mantêm a vantagem de cinco pontos na liderança do campeonato — continuam com mais um jogo feito que o FC Porto e o Benfica — e agora haverá duas semanas de pausa até à 11.ª jornada da liga.

    Obrigado por nos ter acompanhado aí desse lado. Hoje foi um dia longo de futebol e a bola não parou de rolar desde as 16h — houve dérbis na Alemanha (Borussia Dormund 3-2 Schalke 04), em Inglaterra (Arsenal 1-1 Tottenham) e até em Itália (Roma 2-1 Lazio). Que a semana corra tão bem como este domingo correu a quem gosta de bola. Boa noite e até à próxima.

  • Antes de nos despedirmos, fiquem com os números deste jogo.

  • O resumo ao final do jogo

    A refeição que quase deu a volta à barriga dos leões

    O prato chama-se jardineira talvez porque um jardim pode misturar uma catrefada de plantas, flores e até frutos diferentes. É uma misturada de muita coisa e também o é uma salada russa, onde há batata, ervilha, cenoura, talvez feijão e maionese. Quando o ingrediente principal de um prato é uma bola e a mesa da refeição é um relvado de futebol, a salada pode vir de muitos sítios e quando é natural de Arouca já se sabe o sabor, pelo menos está época. Quando alguém vai jogar à bola ali pode esperar uma equipa a defender como poucas, a fechar espaços nas laterais e a tapar linhas de passe ao meio que tornam o prato amarga para quem vem de fora comê-lo. Os leões que o digam e todas as garfadas que deram na salada arouquense não lhe terão sabido bem.

    Quem corria vestido de amarelo começou o jogo a pressionar, a fechar o espaço a qualquer jogador do Sporting, fosse à frente ou atrás. As pilhas para este jogo duraram 15 minutos, sim, mas o tino na cabeça durou, durou e durou, como mostrava o coelho que durante anos apareceu nos anúncios de uma marca de pilhas. O Arouca quase nunca deu espaços para os leões tabelarem e trocarem passes pelo centro do relvado, como Jorge Jesus gosta, e até ao intervalo apenas uma cabeçada de Paulo Oliveira na bola obrigou Rafael Bracalli a fazer daqueles paradas que um guarda-redes espera fazer quando joga contra um grande. Mas só a fez porque a bola parou e João Mário teve um livre para bater — com a bola a rolar pela relva nada feito, o Sporting não tirava proveito da refeição.

    Os leões tiveram muito mais bola na segunda parte e com pouca coisa fizeram de jeito. Circulavam-na muito perto da área, quase sempre, mas só a levavam de um lado ao outro e falhavam nove em cada 10 passes que tentavam fazer em frente, para quem recebesse a bola de costas para a baliza. JJ bem disse no fim que “não era pela técnica” que o Sporting ia ganhar o jogo e isso foi tão verdade como o são as alturas em que uma pessoa tem o nariz entupido e está na altura de comer qualquer coisa: a partida ficou sem sabor para o clube de Alvalade porque a muita bola que tinham (a refeição com bom aspeto) não resultava em oportunidades de golo (não sabia a nada). Só houve um remate de João Mário de fora da área até se chegar à confusão que mudou tudo.

    Ou melhor, ao sururu que o empurrão de Naldo a Lito Vidigal criou. O treinador do Arouca caiu na relva, os jogadores protestaram, o árbitro mostrou o cartão vermelho ao central do Sporting e continuou com ele na mão para o apontar também na direção do técnico adversário. O jogo parou durante um par de minutos e isso foi suficiente para os jogadores da casa tirarem os olhos da refeição que estavam a cozinhar. Distraíram-se, deram espaço para que Bryan Ruiz, à entrada da área, se virasse com a bola para a baliza e a picasse por cima dos defesas, para Fredy Montero. O colombiano matou-a com o pé direito quando nem um metro quadrado de espaço tinha e como Slimani estava a correr na sua direção, aproveitou o domínio para ser ele a rematá-la logo, de pé esquerdo. O 1-0 aparecia aos 90′ e os leões ganhavam o jogo “pela garra e determinação”, como disse JJ no final. E pelo sururu, já agora.

    Os leões saem de Arouca com a refeição digerida e são apenas a segunda equipa a não sair dali com a barriga às voltas — apenas o FC Porto tinha vencido a equipa de Lito Vidigal esta época. O treinador do Sporting lá frisou que são estes jogos que fazem os campeões e que formam o espírito de uma equipa –“Tecnicamente, o Sporting pode não ser uma equipa muuuuito evoluída, mas do ponto de vista tático, de crença, é uma equipa muito forte”, que é JJ a dizer que a equipa é boa naquilo que ele domina, a parte mental. Mas a verdade é que o prato que o Arouca serve a quem o visita é matreiro e o Sporting só muito a custo conseguiu manter a vantagem de cinco pontos no topo do campeonato.

  • Ainda fala o Professor Neca: “O propósito do nosso treinador era perceber que poderíamos ter mais espaço nas costas e refrescar a equipa com jogadores rápidos, para explorar a necessidade que o Sporting tinha em ganhar. Esse objetivo estava a ser alcançado. Mas o momento de desconcentração coletiva da equipa levou a que o Sporting concretizasse talvez a única oportunidade que criou. Em função da nossa estratégia de jogo, merecíamos ter saído daqui, pelo menos, com um empate”.

  • Como Lito Vidigal foi expulso, é o Professor Neca, um dos adjuntos (há quanto tempo não o víamos), que fala: “O golo acaba por manchar uma exibição perfeita, em que o golo surge já quando a equipa não pensava que podia surgir. Havia uma tensão fora e dentro de campo que fez com que a equipa se desconcentrasse por momentos, e quando se desconcentra contra equipas que têm jogadores com grande qualidade, o golo acabar por surgir. Estas tensões não surgem por acaso”.

    “O golo inglório surgiu para uma equipa que, até hoje, só tinha sofrido uma derrota com o FC Porto, e que se portou muito bem. Tivemos o controlo e o domínio do jogo, demos iniciativa ao nosso adversário para ficar com mais espaço nas costas, para tentarmos explorar a situação de contra-golpe. Tivemos, nesses circunstâncias, duas ou três boas situações para finalizar. Os jogadores sabem que podiam ter feito ainda melhor e claro que sofrer um golo aos 90 minutos deita toda a gente triste. Mas, por outro lado, é o reflexo do trabalho coletivo que a equipa tem feito até este momento”.

    Sobre o sururu. “Infelizmente, quem semeia ventos não colhe as tempestades e as vantagens desses mesmos ventos. E quando as equipas são mais pequenas sofrem os efeitos das tempestades provocadas pelo exterior. Este jogo que perdemos não corresponde ao que a nossa equipa fez. Mas é o futebol. Todos o futebol português tem que refletir sobre estes ventos e estas tempestades que estão propositadamente a ser semeadas”.

  • Ora aí está Jorge Jesus, para dizer o que pensa de tudo isto: “Esta equipa do Arouca, à décima jornada, tinha uma derrota com o FC Porto e tinha ganhado ao Benfica. Se não fosse uma equipa muito competitiva, como foi hoje o Sporting, com raça, com alma e com determinação, se calhar não jogando tão bem às vezes, tecnicamente. É nestas situações que se vê quem tem alma e está mentalizado para disputar os primeiros lugares”.

    “A nossa vitória é a jogar com 10. Uma expulsão caricata, porque o meu jogador é expulso por estar um elemento estranho ao jogo [Lito Vidigal, treinador do Arouca] dentro de campo, e o meu jogador é que é expulso. Isto não existe. De qualquer maneira os jogadores acreditaram sempre na vitória e o jogo foi extremamente difícil, como eu previ. Se o Sporting não fosse extremamente competitivo não ganhava aqui. A equipa fez mais na segunda parte do que na primeira. Merecemos a vitória, não houve muitas oportunidades de golo, mas as outras que houve foram do Sporting. O Arouca não nos criou problemas, mas lá que é uma equipa bem organizada defensivamente, isso é. Para fazer um golo ao Arouca não é fácil”.

    “Esta equipa do Arouca defende muito bem, fecha os corredores com muita intensidade e qualidade tática. Já tínhamos analisado isto antes do jogo e sabíamos que no corredor central era difícil ter espaço. Disse ao João Mário para se aproximar mais dos dois avançados, com ou sem bola, não o queria tão junto ao William, precisávamos de arriscar tudo, de jogar com alguém atrás dos avançados. Arriscávamo-nos a levar um contra-golpe, com menos um jogador, mas era um risco que tínhamos de correr”.

    “Os jogadores do Sporting acreditaram sempre, têm muita raça e acreditam naquilo que fazem. Coletivamente, formam uma equipa muita forte. Tecnicamente pode não ser uma equipa muuuuito evoluída, mas do ponto de vista tático, de crença, é uma equipa muito forte”.

    “Estás em primeiro e tens de defender essa posição. O mais difícil é saber mantê-la, que a equipa está a ter. Há uns jogadores que ainda não têm, mas que terão de ter. Um abraço ao presidente foi porque todos estamos extremamente felizes. A sorte também é para quem a procura”.

  • Agora é Nuno Coelho, o capitão do Arouca: “É complicado perder assim. Fizemos um jogo taticamente perfeito, sabíamos que o Sporting é uma grande equipa, tentamos fazer o que treinámos durante a semana e fizemos tudo perfeito até ao minuto 90. Estamos a fazer um excelente campeonato e temos de continuar nesta senda de perder o mínimo número de jogos e ganhar o máximo possível”.

    “Acho que não teve a ver com o lance [das expulsões], no futebol isso acontece, estamos habituados. Tentámos estar sempre concentrados e na única desatenção que tivemos sofremos golo. Estamos a fazer um campeonato regular e queremos alcançar a manutenção o mais rápido possível. Parabéns ao Sporting, que ganhou. Sabíamos que tínhamos de pressionar o Sporting, não podíamos dar espaço para jogar. Claro que isso tirou-nos bola e houve alguns momentos em que não conseguimos respirar. Isso cansou-nos um pouco”.

  • O primeiro a falar após o jogo é Fredy Montero: “Foi um passe em profundidade do Bryan, por cima da defesa, tentei controlar a bola para a rematar logo. Mas apareceu o goleador do Sporting, o Slimani, que foi muito oportuno a meter o golo e a dar-nos três pontos importantes. Bem, o Sporting está preparado para estes jogos, onde não se pode jogar à bola muito bem, há que mostrar garra, e disso também são feitos os campeões. Entrei para atacar os espaços, onde o Arouca estava a defender bem. Mantivemos a posse de bola mas não estava a ser suficiente para criarmos oportunidades de golo. O mais importante é que ganhámos e seguimos em primeiro na liga. São três pontos que nos solidificam na liderança”.

  • Até o Sporting acha que o sururu ajudou a que o golo aparecesse.

  • Uffffff. E este final de jogo, hein? Agora já podemos todos respirar enquanto esperamos que apareça gente na flash-interview.

  • Acaba o jogo! O Sporting consegue a vitória mesmo no final e já com menos um jogador em campo.

  • Sai mais uma expulsão: agora é um dos adjuntos do Arouca, que por enquanto não conseguimos identificar.

  • A confusão, ao que parece, não acabou. Logo a seguir ao golo viu-se Raúl José, adjunto de Jorge Jesus, ser expulso do banco do Sporting. 

  • A receção de Fredy Montero é das boas, como a que fez na final da Taça de Portugal da época passada. O colombiano recebeu com uma pantufa no pé direito um passe picado por Bryan Ruiz, para dentro da área, e apercebeu-se que Islam Slimani estava ali a chegar. O avançado tentou passar-lhe a bola mas falhou — em boa hora, porque essa falha deu o ressalto de bola que o argelino precisou para ficar com a bola jeito do pé esquerdo, que a rematou para dentro da baliza.

  • Golo do Sporting! Slimani marca (90')

    Depois da confusão e de uma carambola, o avançado argelino faz o sétimo golo no campeonato.

  • Cartão vermelho direto! Naldo e Lito Vidigal são expulsos (88')

    Uuuuuuiiiii, olha um sururu! Naldo agarrou a camisola de Nuno Valente quando o médio estava a sprintar para arrancar com um contra-ataque. O jogador do Arouca caiu mesmo à frente de Lito Vidigal, que começou a entrar no relvado, tocou no defesa do Sporting e virou-se depois para refilar com um dos árbitros assistentes. O central brasileiro não gostou e não demorou a mostrar o cartão vermelho a Naldo. Pouco depois, o treinador do Arouca também teve direito a um.

  • Vamos lá ver como será desta vez. Até agora, nada.

  • Lito Vidigal passa-se da cabeça ao ver Naldo escorregar e, por arrasto, derrubar Roberto dentro da área quando Nildo cruzou uma bola desde a direita. O árbitro não apitou.

  • Até as recuperações nos contra-ataques adversários o Arouca faz bem — as tais transições ataque-defesa, como tanta gente diz. A equipa acabou de obrigar o Sporting a travar uma jogada dessas e a circular a bola para trás porque houve muitos jogadores de amarelo a sprintar para trás e a montar um cerco de pressão no lado em que os leões tinham iniciado o contra-ataque.

  • O jogo continua no mesmo cenário que descrevemos em baixo. Não aquece nem arrefece. O Arouca, aliás, até se tem soltado mais no ataque nestes últimos minutos (o Sporting tem sorte que Lucas Lima não se lembre de se aventurar tantas vezes no ataque, porque o lateral parece que vai de mota quando corre com a bola no pé).

1 de 4