Os ativistas detidos desde junho em Luanda, acusados de conspiração, queriam provocar uma intervenção da NATO em Angola que conduzisse ao derrube do Presidente José Eduardo dos Santos, disse à Lusa o embaixador itinerante angolano António Luvualu de Carvalho.

Os detidos, acusados de atos preparatórios para uma rebelião e um atentado contra o Presidente angolano, começam a ser julgados no próximo dia 16 em Luanda e Luvualu de Carvalho acredita que no tribunal “outras questões serão apresentadas”.

“São 15 cidadãos que durante vários dias, durante várias etapas foram acompanhados pelos Serviços de Investigação Criminal. Estavam num processo de sensibilização de um grupo (…) para levarem as autoridades até um ponto, um extremo de aconteceram inclusive mortes”, salientou Luvualu de Carvalho, que esteve em Portugal para a sua primeira visita de trabalho desde que foi nomeado embaixador itinerante e que interpreta como visando “dar uma grande dinâmica à imagem de Angola a nível internacional”.

Socorrendo-se das afirmações feitas na passada semana em Luanda pelo ministro do Interior angolano, Ângelo Veiga Tavares, o embaixador itinerante repetiu que seria posta em prática uma marcha até ao Palácio Presidencial, “levando com que fossem quebradas as regras de segurança (…) para que a guarda presidencial ou a polícia presente reagisse, matasse crianças, matasse senhoras e matasse idosos para provocar a comoção internacional e justificar então uma intervenção vergonhosa”.

PUB • CONTINUE A LER A SEGUIR

“É isto que se procurava. Que a Organização do Tratado do Atlântico Norte (NATO) ou alguns países que dela fazem parte fizessem um ataque a Angola, para que se verifique o horror que se verifica agora na Líbia ou se verificou e verifica na Tunísia”, acentuou.

Quanto aos efeitos do caso dos ativistas detidos na imagem de Angola, Luvualu de Carvalho reconhece que é negativa.

“A situação que levou à detenção destes 15 indivíduos e os processos de luta desenvolvidos por estes 15 levaram, claro, o nome de Angola às manchetes pelas piores razões e isso ninguém nega”, disse.

Detidos desde junho, em Luanda, os 15 foram acusados formalmente, em setembro passado, de prepararem uma rebelião e um atentado contra o Presidente. O processo envolve mais duas arguidas em liberdade provisória.

O Governo angolano tem estado sob forte pressão internacional, com vigílias, manifestações e apelos públicos às autoridades e diretamente ao Presidente José Eduardo dos Santos para a libertação destes elementos, caso agravado depois de um dos detidos, o ‘rapper’ luso-angolano Luaty Beirão, ter realizado uma greve de fome que terminou na semana passada, ao fim de 36 dias.