Os artistas Robert e Sonia Delaunay, Hein Semke e Willie Doherty, além da mostra sobre arte e arquitetura constituem as quatro exposições que o Centro de Arte Moderna, da Fundação Calouste Gulbenkian, em Lisboa, vai inaugurar a 19 de novembro.

De acordo com a Gulbenkian, “O Círculo Delaunay”, que fica patente até 22 de fevereiro de 2016, tem curadoria de Ana Vasconcelos, e explora o contexto criativo surgido em torno dos artistas Robert e Sonia Delaunay.

O casal viveu um curto exílio em Portugal, em Vila do Conde, entre junho de 1915 e janeiro de 1917, juntando em seu redor artistas como Amadeo de Souza-Cardoso, Almada Negreiros, Eduardo Viana, José Pacheco e o pintor americano Samuel Halper.

A exposição vai apresentar muitos dos trabalhos realizados em Portugal nesses anos, destacando o projeto coletivo a que chamaram La Corporation Nouvelle (Nova Corporação) no qual colaboram Amadeo, Viana e Almada, nela se inscrevendo igualmente Blaise Cendrars, Guillaume Apollinaire e o pintor russo Daniel Rossiné.

PUB • CONTINUE A LER A SEGUIR

A acompanhar esta mostra, o CAM vai publicar um catálogo com textos de investigação sobre este período, focando, nomeadamente, a relação de trabalho de Sonia e Robert Delaunay com Amadeo e com o galerista futurista italiano Arturo Ciacelli, responsável pela apresentação em Estocolmo, em 1916, da única exposição no quadro da Corporation Nouvelle.

“Hein Semke. Um Alemão em Lisboa”, exposição com a mesma curadora e patente no mesmo período que a dedicada ao casal Delaunay, vai apresentar aspetos pouco conhecidos da produção artística do artista alemão Hein Semke (1899-1995) e atualizar o conhecimento sobre a sua obra e o seu contexto criativo.

Artista quase autodidata – que visitou Portugal em 1929 e que aqui se radicou, nos anos 1930, com a ascensão nazi na Alemanha – a sua vasta atividade artística abarca várias linguagens, da escultura à gravura, pintura, colagens, tendo produzido 34 livros de artista entre 1958 e 1986.

A exposição incide sobre as obras de arte que integraram a doação feita ao CAM, em 2013, e os livros de artista entretanto doados à Biblioteca de Arte da Fundação.

Semke, que já foi alvo de uma retrospetiva, no Museu do Chiado e na Fundação Arpad Szénes – Vieira da Silva, morreu em Lisboa, onde vivia, em 1995.

“Willie Doherty. Uma e Outra Vez”, com curadoria da diretora do CAM, Isabel Carlos, ficará patente no mesmo período no Centro de Arte Moderna (CAM), mostrando, com caráter ontológico, sobretudo o trabalho mais recente do artista nascido em Derry, em 1959, e duas vezes selecionado para o Prémio Turner (1994 e 2003).

Willie Doherty trabalha sobretudo com vídeo e fotografia e, segundo a Gulbenkian, o seu universo é singular, dominado pela tensão entre indivíduo e sociedade e entre natureza e espaço urbano.

No mesmo dia, inaugura a exposição “As Casas na Coleção do CAM”, que fica patente até 31 de outubro de 2016, com curadoria de Isabel Carlos e Patrícia Rosas Prior.

A mostra parte da coleção do CAM e reúne obras que relacionam arte e arquitetura, o corpo e a casa, e percorre o século XX, com trabalhos de escultura, pintura, vídeo, fotografia e instalação de artistas como Ana Vieira, Rachel Whiteread ou José Pedro Croft.

Inclui também um considerável número de obras produzidas recentemente de Heimo Zobernig, Thomas Weinberger, Gil Heitor Cortesão ou Leonor Antunes, entre outros.