O Livre assinala dois anos da sua fundação na segunda-feira e Rui Tavares diz que a força política continuará a lutar pelas suas causas mesmo fora do parlamento e num eventual quadro de governo à esquerda, que o partido sempre defendeu.

Em entrevista à agência Lusa a propósito dos dois anos do partido, Rui Tavares reconheceu que o Livre atravessa atualmente um “período de reflexão e debate” que levará a um congresso de eleição de novos órgãos a 20 de dezembro.

O futuro mais imediato trará “anos que vão ser trabalhosos, de um percurso muito diferente” do efetuado pelo Livre até ao momento, que se concentrou em dois atos eleitorais: as europeias de 2014 e as legislativas de outubro deste ano.

Mesmo fora do parlamento, há “iniciativas legislativas de cidadãos, organização de debates, petições, movimentos” que serão conduzidos para defender as causas do livre, nomeadamente a regionalização, o voto aos 16 anos, ações no “domínio da ecologia, das energias renováveis”, entre outras.

PUB • CONTINUE A LER A SEGUIR

“Há muita luta para fazer com o programa que temos”, vincou Rui Tavares.

Com dois anos de existência, o Livre já deixou uma “marca conhecida e reconhecida” no espetro político português, acredita o antigo eurodeputado.

A “democracia interna, primárias abertas, redação coletiva de programa [político] às eleições, a abertura aos cidadãos” e, principalmente, o “lutar pela convergência de governação à esquerda” são características do partido.

A convergência à esquerda, diz Rui Tavares, é “provavelmente o dado por que o Livre é mais reconhecido, por que é tido por pioneiro e precursor e leva muita gente a dizer que algumas das coisas que estão a acontecer agora na política portuguesa acontecem porque foram postas na agenda e no debate público pelo livre e pela candidatura Livre/Tempo de Avançar” às legislativas de outubro.

Questionado sobre os acordos firmados pelo PS com outras forças à esquerda, Rui Tavares diz que estes “são tão fortes quanto poderiam ser” depois de “40 anos de incomunicabilidade à esquerda”.

“Idealmente os acordos teriam sido feitos antes das eleições e haveria um governo à esquerda em que os vários elementos da esquerda teriam também representação governativa. Essa é uma etapa que falta superar ainda na política em Portugal”, declara, embora reconhecendo “mérito em quem se empenhou” nestes acordos “por terem avançado mais do que alguma vez se tinha avançado na esquerda portuguesa”.

Para as presidenciais de 2016 o Livre anunciou já o seu apoio à candidatura de António Sampaio da Nóvoa, um candidato independente que Rui Tavares gostaria de ver apoiado por outros partidos da esquerda.

“Como ficou claro nos últimos dias que o perfil presidencial é tão importante nesta fase de transição em Portugal, [os partidos] deveriam tanto quanto possível apoiar candidatos que emergissem de forma independente e não apresentar os candidatos partidários às eleições presidenciais. É assim que entendemos as eleições presidenciais, como eleições cidadãs”, advoga Rui Tavares.

O partido Livre assinala na segunda-feira dois anos desde a reunião que formalizou a sua declaração de princípios, e desde então a força política já concorreu às europeias de 2014 e às legislativas do passado outubro.