A noite de 13 de novembro, em Paris, vai ficar marcada pelo horror vivido na sequência dos atentados a diversos pontos da cidade, tal como o Le Bataclan, o restaurante Carrilon ou o Stade de France. Mas, entre a morte e o sofrimento, existem histórias de esperança e solidariedade a ser contadas. 

  • Procura-se salvador do Bataclan

Na sala de espetáculos Le Bataclan morreram mais de 100 pessoas na passada noite de sexta-feira. Tentando escapar ao massacre, uma mulher pendurou-se no parapeito de uma janela do edifício da sala de espetáculos que estava sob ataque. A mulher, que dizia estar grávida, esteve pendurada durante vários minutos e foi salva por alguém que a puxou para dentro do edifício. Um seu amigo, Frans Torreele, contou ao Huffington Post que a mulher, que prefere ficar anónima, e o bebé estão bem, e queria “agradecer a todos os que a ajudaram, em particular ao homem que rapidamente estendeu a mão e ajudou a subir”. 

O salvador foi procurado, sendo que pessoas próximas da mulher escreveram um anúncio que foi publicado no Twitter, e amplamente partilhado. O esforço foi compensado quando receberam uma resposta. Frans Torreele revelou ao Huffington Post que “graças ao anúncio do Twitter, o irmão do homem que ajudou” lhe mandou um e-mail. Torreele falou com a amiga, que confirmou a identidade do homem que a salvou, e trocaram números de telefone. E, acrescenta Torreele, o salvador também “está bem” e que isso era “essencialmente” o que queriam saber. 

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  • Porteira portuguesa acolheu fugitivos

Esta não foi, no entanto, a única história de ajuda. Perto do Bataclan, existe um prédio cuja porteira é portuguesa. Margarida de Sousa conta como “de repente” muita gente entrou no prédio, “uns a gritarem por socorro outros aleijados, cheios de sangue”. Refere ainda que cinco pessoas apresentavam ferimentos de bala, incluindo uma jovem que acolheu em sua casa, que tinha duas balas nas costas. Houve ainda uma outra jovem que se escondeu debaixo da mesa e gritava para Margarida de Sousa fechar a porta e as cortinas, e apagar as luzes, relata a portuguesa à TVI 24, que acrescenta: “Não me arrependo de nada”. 

“Consegui fazer entrar algumas pessoas, entre elas uma jovem de 25 anos que vinha toda ferida e que já quase não conseguia andar. Soubemos depois que tinha duas balas nas costas. Outras quatro pessoas, uma menos ferida, mas outra com uma bala no braço e uma senhora com uma bala no peito”, descreveu à Rádio Renascença.

  • Empregado muçulmano salvou duas mulheres baleadas

No restaurante Carrilon, perto da Avenida da República, morreram 15 pessoas. No entanto, podiam ser mais duas, se Safer, muçulmano e um dos empregados de mesa do restaurante, não as tivesse arrastado para a cave do edifício, refere o El Confidencial. Safer conseguiu salvar duas mulheres que tinham ficado feridas quando os atacantes começaram a disparar. O El Cofidencial relata ainda que Safer visitou a Praça da República no dia seguinte aos atentados e que afirmou que o que aconteceu não é o Islão, e que não representa os mulçumanos.

  • Filas para dar sangue

Logo no dia seguinte aos ataques, no sábado, formaram-se filas de parisienses junto aos ponto de doação de sangue, de forma a ajudar as vítimas que necessitavam de transfusões. 

Na noite do ataque, com os transportes públicos fora de serviço, taxistas desligaram os taxímetros e ofereceram as viagens àqueles que foram afetados e tentavam chegar a casa, afirma o The Telegraph. Já o site Airbnb apelou aos utilizadores com alojamentos listados, que se encontrassem na zona de Paris, para oferecer alojamento gratuito, ou a muito baixo preço, aos sobreviventes, e a outros que se encontrem na área. Além disso, sugeriu aos anfitriões de Paris, cujos hóspedes estiverem a sofrer atrasos na sua saída de Paris, que deixassem prolongar a estadia de forma gratuita, diz o The Daily Dot. 

  • Redes sociais mobilizaram-se rapidamente

O Facebook voltou a a ativar o ‘Safety Check’ para que aqueles que se encontravam em Paris pudessem avisar familiares e amigos que se encontravam em segurança, e para poderem marcar aqueles que soubessem que também estavam a salvo. Esta rede social colocou, ainda, ao serviço dos utilizadores uma ferramenta que permite colorir a foto de perfil com as cores da bandeira francesa, de forma a demonstrarem a solidariedade com França. 

Já o Twitter apostou na nova ferramenta ‘Moments’, dando destaque a tweets com notícias e preces relacionadas com os ataques. Além disso, o Twitter foi utilizado como meio de divulgar informação, de forma ajudar as pessoas a encontrarem segurança. A hashtag #PorteOuverte foi um meio de oferecer abrigo àqueles que estavam em Paris, e que precisavam de auxílio. Outra hashtag popular na noite dos atentados foi a #RechercheParis. Usada para procurar informações e postar descrições de familiares ou amigos, e para divulgar quando alguém procurado era encontrado vivo. 

  • Donativos a organizações humanitárias 

A Cruz Vermelha Internacional e as Sociedades do Crescente Vermelho, que apoiam diretamente a Cruz Vermelha Francesa, estão a aceitar donativos. Já a Secours Catholique-Caritas France não só aceita donativos, como também voluntários, refere o The Telegraph. 

Além do contributo direto a estas organizações formais, existem pessoas individuais a criar contas de fundrasing. Uma dessas contas está alojada no site de crowfunding Crowdrise, e os benefícios vão para o Comité Internacional da Cruz Vermelha. O criador conta que é amigo de um dos elementos da banda que atuava no Le Bataclan e que tinha que “fazer alguma coisa para ajudar. Agora”. Acrescenta que criou o fundraiser “para estar com as pessoas de Paris e de França”. Até ao momento angariou 650 dólares.