Duas dezenas de trabalhadores da fábrica de refrigerantes da Unicer em Santarém assinalaram a hora de greve que estão a fazer em cada turno esta semana com um magusto e música junto à entrada da empresa.

Pedro Henriques, delegado sindical, disse à Lusa que a greve marcada para esta semana nas várias unidades da empresa tem gerado a paragem da produção nas horas de paralisação.

Na unidade de Santarém, cujo encerramento em abril de 2016 foi anunciado no início de outubro pela administração da Unicer, a adesão à greve tem sido da ordem dos 70% no global, chegando aos 90% na produção e enchimento, afirmou o coordenador da União de Sindicatos de Santarém, Rui Aldeano, presente no local.

Pedro Henriques afirmou que a produção tem parado entre as 07:00 e as 08:00 e entre as 15:00 e as 17:00, altura em que junta a última hora de um turno com a primeira do seguinte.

Os trabalhadores asseguram que não se conformam com a decisão de encerramento, que dita o despedimento de 70 trabalhadores desta unidade, nem aceitam a proposta de integração de 25 deles na fábrica da Font Salem, também situada em Santarém, alegando as piores condições salariais e de trabalho e não fazer sentido encerrar para entregar a produção a um concorrente.

PUB • CONTINUE A LER A SEGUIR

Pedro Henriques adiantou que os trabalhadores se têm concentrado todos os dias desta semana à entrada da fábrica, onde estão afixados cartazes, para assinalar a sua luta junto da população.

Um dos cartazes — com os dizeres “Unicer quer suicidar-se! Trabalhadores lutam pela sua sobrevivência” — está colocado junto a um espantalho que tem uma corda de forca ao pescoço onde foi colocada uma garrafa de cerveja da Super Bock.

Familiares dos trabalhadores puseram a circular nas redes sociais uma campanha na qual afirmam que se aproxima a “festa da família e da solidariedade” e fazem um apelo: “Neste Natal não permita que com o seu dinheiro a Unicer despeça 140 trabalhadores” (70 de Santarém e os restantes de Leça do Balio e de outros serviços da empresa).

Rui Aldeano afirmou que os trabalhadores voltam a reunir-se em plenário na próxima semana, podendo adotar outras ações, como uma iniciativa pública na cidade de Santarém para recolha de assinaturas contra o encerramento ou um pedido de audiência na embaixada da Dinamarca.

“Até abril muita água há de correr”, afirmou, sublinhando o facto de, ao contrário do que aconteceu em 2013 quando foi encerrada a fábrica de cerveja da Unicer em Santarém, desta vez os trabalhadores estarem “unidos e determinados em não deixar fechar” a unidade.

“Com resultados de 30 milhões de lucros e depois de ter recebido 7,5 milhões de euros dos nossos impostos para desenvolvimento, a fábrica não pode fechar”, afirmou.