A causa independentista catalã, a corrupção que envolve ex-governantes do PP e do PSOE, são questões que têm sido debatidas, uma e outra vez, nos últimos meses em Espanha. E mais debatidas têm sido com a aproximação das Eleições Gerais, a 20 de dezembro. Tudo tem causado mossa nas sondagens do PP e do PSOE no país vizinho.

Mas o que realmente se tem debatido nos últimos dias é a ameaça jihadista na Europa, sobretudo desde os atentados em Paris. E quem mais “beneficia” nas sondagens com a necessidade de combater o terrorismo no país são os chamados partidos do “arco da governação”, o PP e o PSOE, que já o combateram depois de 11 março de 2004, data dos sangrentos atentados na Estação madrilena de Atocha. Nessa altura, era José Maria Aznar líder do PP, o mesmo que deu a cara na Cimeira das Lajes, a tal que deu o “sinal verde” à invasão do Iraque. Mais importante: os dois partidos carregam o peso de combate à ETA, a mais longa guerra contra o terrorismo dos sucessivos governos de Espanha.

Na sondagem da GAD3 para o jornal ABCE, os dois partidos sobem nas sondagens, a primeira feita desde os atentados de Paris. Os partidos emergentes (Ciudadanos ou Podemos) também sobem, mas menos, o que acentua a tendência de bipartidarismo.

O PP, do conservador de centro-direita Mariano Rajoy, e o PSOE, do socialista de centro-esquerda Pedro Sánchez, sobem 1,3 pontos entre si e ganham seis deputados em relação à sondagem da última semana. Somam agora 222 deputados nas tendências de voto, ou seja, 63% e dois terços do Parlamento. 

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O partido do atual primeiro-ministro Rajoy continua a ser o mais votado, com 28,5% e 129 deputados. O PP sobe seis décimas em relação à última sondagem, realizada antes dos atentados de Paris. Quanto a deputados, elege mais dois. Mas a caída em relação a 2011 continua a ser tremenda: são menos 57 deputados e 16,1 pontos. Ganhará, sim, mas crê-se em Espanha que terá sempre que se coligar com o Ciudadanos.

O PSOE resiste no segundo lugar, com 22,8% dos votos, a 5,7 pontos do PP. Sobe sete décimas em relação à semana passada e, se as Eleições Gerais se realizassem hoje, elegeria 93 deputados. Mais quatro do que na sondagem anterior. Contudo, a queda é evidente se se olhar às eleições de 2011: são menos 17 deputados.

O Ciudadanos de Albert Rivera mantém-se no terceiro lugar com 16,4% dos votos. O que é um retrocesso em relação à última estimativa de votos: menos 1,5 pontos. No Parlamento sentar-se-ia entre 52 a 56 cadeiras. Apesar do Ciudadanos estar em queda, os analistas em Espanha afirmam que é cada vez mais real a possibilidade de Rivera vir a alcançar o PSOE de Pedro Sánchez no segundo lugar. Uma coisa é certa: o PP necessitará sempre dos laranjas para chegar à maioria absoluta. Coligados ou somente com um acordo de incidência parlamentar, PP e Ciudadanos chegariam aos 181 deputados — cinco deputados acima da “barreira” da maioria absoluta.

PSOE e Podemos, com coligação ou não, com ou sem acordo de governação, ficar-se-iam pelos 137 deputados. O partido de Pablo Iglesias sobe nas sondagens e encosta-se ao Ciudadanos, com 15,6% e 44 deputados. São quase mais dois pontos em relação à semana anterior e sete deputados mais. Os resultados são explicados pelas coligações eleitorais em três comunidades: a catalã (com o En Común Podem), na Galiza (com o En Marea) e na comunidade valenciana (ao lado do Compromís). 

O Izquierda Unida de Alberto Garzón é o mais prejudicado com a subida do Podemos e cai 4,4%, mais cinco décimas que na semana passada. E elege somente dois deputados, menos três que antes. No que respeita aos demais partidos, CDC  e ERC sumariam 19 deputados (os mesmos que têm a agora CiU e ERC). O Unió, se 20 de dezembro fosse hoje, perderia o seu único deputado.